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Empresariado brasileiro quer democracia e eleições livres

Pesquisa da Fundação Tide Setúbal e Instituto Sivis mostrou também que maioria está aberta a mudar a opinião que defende

Urna eletrônica (Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

Urna eletrônica (Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

A maioria do empresariado brasileiro concorda que a democracia é a melhor forma de governo e para mantê-la é preciso garantir eleições livres. A maior parte acha aceitável haver divergência política numa sociedade e está aberta a mudar a opinião que defende se ouvir argumentos convincentes num debate com pessoas que pensam diferente. Entretanto, há uma fatia considerável insatisfeita com a atual situação da democracia no Brasil e existe uma pequena porcentagem que não se declarou contra a tortura, independentemente das circunstâncias.

Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa da Fundação Tide Setúbal e Instituto Sivis divulgada nesta terça-feira (9), na qual foram ouvidos 417 empresários em todas as regiões do país, entre maio e julho deste ano. A pesquisa constatou também que os homens mais velhos se declaram mais interessados em política do que os mais jovens em geral e do que as mulheres. O objetivo do estudo, segundo seus coordenadores, foi revelar os aspectos da cultura política do setor empresarial, procurando caracterizar os seus principais valores, atitudes e comportamentos políticos.

Principais resultados:

GERAL

  • A imensa maioria dos empresários (91%) concorda que, apesar de ter alguns problemas, a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo;
  • 74,1% dos empresários estão dispostos ou muito dispostos a mudar de opinião quando confrontados com argumentos convincentes em um debate com adversários políticos;
  • A imensa maioria dos empresários (98%) avalia que é importante que haja eleições livres e justas no país para que eles e seus negócios prosperem;
  • 79,6% dos entrevistados concordam totalmente ou em parte com a noção de que pessoas aprisionadas são também merecedoras de respeito e dignidade;
  • 82,5% da amostra concordou (totalmente ou em parte) que “ninguém deve ser sujeito à tortura, independentemente das circunstâncias”; 83,7% consideram “aceitável” ou “muito aceitável” a existência da divergência política;
  • “Em tempos difíceis, a mídia não deveria divulgar notícias que prejudiquem o governo ou os políticos que estiverem tentando melhorar a situação do país, mesmo que tais notícias sejam verdadeiras”. A maioria dos empresários (65,1%) discorda (em parte ou totalmente) de tal relativização;
  • 81,5% dos empresários concordam totalmente ou em parte que eles também são responsáveis por trabalhar pela solução dos problemas sociais do país.

GÊNERO

  • 89% dos empresários do sexo masculino sentem que entendem bem os assuntos políticos mais importantes do país, contra 68% das empresárias do sexo feminino;
  • 68% dos empresários do sexo masculino se dizem muito interessados por política, contra 39% das empresárias do sexo feminino;
  • A imensa maioria dos empresários (96%) julga que as mulheres devem possuir os mesmos direitos que os homens;

FAIXA ETÁRIA

  • 63,8% dos empresários idosos se consideram interessados pela política, contra 48% dos jovens;
  • 76,4% dos jovens discordam da relativização da democracia, contra 56,7% dos idosos;
  • 88% dos empresários idosos acreditam que ninguém deve ser sujeito à tortura independentemente das circunstâncias, contra 72% dos jovens;
  • 48% dos empresários idosos consideram que a meta de proteger a liberdade de expressão no país deveria ser prioritária nos próximos anos, ao passo que 41% dos jovens empresários acreditam que a meta prioritária deveria ser combater a inflação;
  • 67% dos empresários idosos estão insatisfeitos com o funcionamento da democracia no Brasil, contra 45% dos jovens empresários;

GRAU DE ESCOLARIDADE

  • 85% dos empresários com pós-graduação ou nível de escolaridade acima concordam que pessoas aprisionadas são também merecedoras de respeito e dignidade, contra 67% dos empresários com até ensino superior incompleto;
  • 75% dos empresários com pós-graduação ou nível de escolaridade acima relatam que frequentemente dialogam com pessoas com opiniões políticas opostas às deles, contra 58% dos empresários com até ensino superior incompleto;
  • Empresários mais escolarizados demonstram interesse substancialmente maior por política em comparação aos menos escolarizados - 72,7% com muito interesse entre os que têm pós-graduação ou nível de escolaridade acima, ante 59,8% entre os que têm até o ensino superior incompleto;
  • Empresários altamente escolarizados são mais propensos a rejeitar a relativização da democracia do que aqueles com menor escolaridade - 77,3% de discordância entre os empresários com pós-graduação ou nível de escolaridade acima, ante 61% entre aqueles com até ensino superior incompleto.

REGIONAL

  • 95% dos empresários da região Centro-Oeste acreditam que é importante obedecer às leis e ao governo independentemente de os políticos no poder serem aqueles nos quais votaram ou não, contra 82% dos empresários do Nordeste;
  • 90% dos empresários da região Centro-Oeste discordam de que, para pessoas como eles, tanto faz ser governado por um regime democrático ou não, contra 77% dos empresários do Norte.

O estudo envolveu 417 empresários brasileiros entre os dias 20/5 e 8/7. A amostragem utilizada seguiu a proporção de três variáveis-chave para caracterização das empresas: região do País (Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste + Norte), setor (serviço, comércio e indústria) e tamanho (pequena, média e grande). Os resultados também podem ser recortados por gênero, faixa etária e grau de escolaridade.

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