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De Getúlio a Sarney, aeronaves presidenciais ajudaram a construir a história do Brasil

Primeiro avião adquirido pelo governo foi um Lockheed L-18 Lodestar, comprado em parceria com os Estados Unidos

Lula e comitiva passaram por momentos de tensão durante incidente com avião no México (Mandel Ngan/AFP)

Lula e comitiva passaram por momentos de tensão durante incidente com avião no México (Mandel Ngan/AFP)

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Publicado em 7 de outubro de 2024 às 18h04.

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Na última semana, um incidente envolvendo o avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou atenção para o tempo de uso da aeronave utilizada pela comitiva presidencial em visitas internacionais e destinos domésticos. Após a tripulação constatar uma falha mecânica, o avião em que estava o chefe do Executivo e alguns ministros teve que voar em círculos por quase cinco horas para queimar combustível e poder pousar na Cidade do México.

O avião presidencial é um Airbus A319, montado em Hamburgo, na Alemanha. Adquirido em 2004, ele foi entregue no ano seguinte. Adaptado para receber grandes autoridades, o avião possui configuração diferente daquela existente nas aeronaves utilizadas em voos comerciais, principalmente em relação a equipamentos de segurança e disposição das poltronas. Com os momentos de tensão na cabine, na última semana, especialistas têm se posicionado de maneira favorável à aquisição de uma nova aeronave.

Linha do tempo

Desde Getúlio Vargas, passando pelo regime da ditadura militar e José Sarney, diferentes presidentes brasileiros adquiriram aeronaves como forma de facilitar o deslocamento dentro e fora do País.

O primeiro avião comercial foi adquirido em 1942, em parceria com o exército dos Estados Unidos. O Lockheed L-18 Lodestar passou por modificações para se tornar a aeronave oficial de Getúlio Vargas e serviu à Presidência da República até ser substituído pelo Vickers Viscount, encomendado por Juscelino Kubitschek, na década de 1960. Em período marcado por ações de desenvolvimento regional pensadas para além das cidades do Sudeste, ambas as aeronaves fazem parte da memória afetiva de muitos brasileiros mais velhos, que ao acompanharem a cobertura da imprensa lembram de ver registros de discursos dos líderes e da comitiva presidencial às portas de um embarque ou após desembarque.

Ainda que tenha sido adaptado, o Lockheed era desconfortável para a comitiva presidencial, além de ser considerado de baixa autonomia pelos especialistas. Já as críticas ao seu sucessor vieram após um incidente em 1967, em que parte da aeronave pegou fogo após uma falha no trem de pouso. A bordo estava o presidente Costa e Silva, que não se feriu.

Entre os aviões presidenciais, o que teve o apelido mais engraçado foi o Sucatão, adquirido em 1986, durante o governo de José Sarney. O País passava por momentos de instabilidade econômica, com diferentes planos econômicos e hiperinflação, além das incertezas sobre os rumos da democracia brasileira após o regime militar, e a crítica debochada ganhava espaço na opinião pública. Assim, por muito tempo, na imprensa brasileira foi difundido o boato de que esse avião havia iniciado suas operações em 1958.

Em 1999, um incidente durante uma viagem em que estava a comitiva do vice-presidente Marco Maciel forçou um pouso de emergência no aeroporto de Amsterdam, na Holanda. O episódio chamou a atenção do governo para a necessidade de troca da aeronave, o que de fato só ocorreu cinco anos mais tarde, no primeiro mandato de Lula.

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