Para Alexandre Silveira, “gás é um produto de interesse nacional e é, também, um combustível de transição energética” (Dado Galdieri/Getty Images)
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Publicado em 24 de setembro de 2024 às 15h37.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou, nesta segunda-feira, 23, ato normativo para instituir o Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural, seguindo os moldes do que ocorre na área da energia elétrica. Criado a partir do Decreto n.º 12.153/2024, que institui o programa Gás para Empregar, o colegiado terá a responsabilidade de elaborar propostas para a ampliação do mercado de gás no País, buscando a modicidade tarifária.
Com o decreto do mês passado, que amplia as responsabilidades da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a previsão do governo é possibilitar novos investimentos no setor de gás natural, incluindo plantas de fertilizantes nitrogenados, que alcancem a cifra de até R$ 94,6 bilhões nos próximos anos, com a possibilidade de geração de 436 mil empregos diretos e indiretos. Caberá ao comitê, portanto, assessorar, articular e monitorar as políticas públicas relacionadas ao setor.
“O comitê [de Monitoramento do Setor de Gás Natural] será responsável pelo gerenciamento constante do setor de petróleo e gás. Nós ouvimos a sociedade e o setor produtivo para enriquecer as iniciativas, e isso nos permitiu alinhar as políticas públicas com as reais demandas do setor, aliadas à necessidade da nossa gente. O gás é um produto de interesse nacional e é também um combustível de transição energética”, afirmou o ministro.
De acordo com dados da ANP, a produção de petróleo e gás no País no mês de junho foi de 4,353 milhões de barris de óleo. Atualmente, Estados Unidos (12,9 milhões barris/dia), Rússia (10,6 milhões barris/dia) e Arábia Saudita (9,6 milhões barris/dia) são os três principais produtores globais. No Brasil, o Rio de Janeiro é o maior estado produtor, sendo origem de 87% do petróleo e 76% do gás natural.
A advogada Bianca Bez, da área de Contencioso e Arbitragem com ênfase em Energia do BBL Advogados, explica que o decreto utiliza mecanismos como subsídios e penalidades para incentivar a adoção de práticas sustentáveis. “A aplicação de multas ou tributos ambientais visa internalizar os custos sociais da poluição, e sua eficácia depende da proporcionalidade das sanções e fiscalização adequada”, analisou.
“A criação do comitê é um passo estratégico para assegurar a implementação eficiente das políticas públicas relacionadas ao gás natural, ao biometano e outros equivalentes, reforçando a importância da governança regulatória nesse setor essencial”, acrescentou a mestra em Direito da Regulação Valéria Rosa, conselheira do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE).
Por meio de nota divulgada em sua página na internet, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) se manifestou de maneira favorável à medida do governo. A entidade reconheceu a importância do atendimento a pleitos antigos por maior transparência na formação dos preços, assegurando um ambiente de mercado mais justo e competitivo e a busca pela redução da reinjeção, sempre fundamentado na boa técnica e viabilidade econômica.
“O decreto incorpora propostas apresentadas pela federação quando da participação nos grupos de trabalho do Ministério de Minas e Energia e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em particular, destaca-se a análise em cluster dos campos produtores para viabilizar o escoamento de gás, especialmente quando a avaliação individual de cada plataforma não demonstra viabilidade”, diz o comunicado.