Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, durante almoço com empresários em São Paulo (Esfera Brasil/Reprodução)
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Publicado em 11 de agosto de 2023 às 14h56.
Última atualização em 11 de agosto de 2023 às 15h11.
Representantes de importantes setores da economia apresentaram suas preocupações sobre três temas de grande relevância para a economia brasileira – defasagem no preço dos combustíveis, reforma administrativa e cumprimento da meta de déficit zero – ao secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto. Ele participou de encontro por nós promovido nesta quinta-feira, 10, em São Paulo.
“Eu seria o primeiro a fazer uma reforma administrativa, mas a gente tem de entender que essa reforma tem um horizonte longo”, afirmou o secretário aos empresários presentes. “O principal problema é que o diferencial entre o salário na iniciativa privada e salário no setor público é maior no começo da carreira, e isso é ruim para a administração e para a pessoa. É preciso segurar salários – mas não há o menor clima para isso”, acrescentou.
Na questão fiscal, o secretário disse que não se vai “ganhar o jogo discutindo macroeconomia”: “A gente já sabe que precisa ter responsabilidade fiscal”. Além disso, ele destacou medidas como o programa Desenrola Brasil, por meio do qual mais de 10 milhões de contratos em dívidas de R$ 100 foram tirados do negativo, ou seja, tiveram o crédito recuperado. “E a segunda fase ainda nem chegou. Hoje, temos mais de 300 pessoas trabalhando numa plataforma que une bureaus de crédito, a B3, bancos e o varejo – que está começando a se cadastrar no que vai ser uma grande plataforma de renegociação.”
Na avaliação de Pinto, há um “espaço enorme para essas renegociações ocorrerem, mas elas não ocorrem por custo de transação. É muito caro”. A intenção, então, é que o custo seja fortemente reduzido por meio da plataforma, que vem sendo desenvolvida pela bolsa de valores brasileira. Já sobre preços de combustíveis, o secretário se limitou a dizer que tem acompanhado bem a discussão.
O secretário disse ser um dos maiores defensores de se apertar o cinto e cortar o que é gasto ineficiente no governo. “Mas sou realista: o grosso das nossas despesas são o funcionalismo e a Previdência, e essas não temos como cortar”. Marcos Pinto destacou ainda que o ajuste fiscal no Brasil tem sido feito nos últimos anos cortando investimento, “o que resultou em uma infraestrutura em frangalhos”. Apesar da aposta em atrair o setor privado para parcerias, será preciso tributar renda para poder custear a renovação nessa área – aí entra o papel da reforma tributária: “Foi assim que se resolveu nos países desenvolvidos”.
“Não vamos virar a Noruega, tributando a renda máxima do capital lá em cima e forçando empresários a saírem do país, mas alguma coisa a mais a gente tem que tributar para a economia poder andar. E o resultado vai ser eficiente”, avaliou Pinto.