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Câmbio pressionado piora a inflação, diz Mansueto Almeida

Economista afirmou que cenário de alta do dólar em virtude de vitória de Trump pode piorar perspectivas para política monetária

Mansueto defendeu mudanças no sistema de seguro-desemprego para conter avanço dos gastos (Esfera Brasil/Divulgação)

Mansueto defendeu mudanças no sistema de seguro-desemprego para conter avanço dos gastos (Esfera Brasil/Divulgação)

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Publicado em 6 de novembro de 2024 às 14h54.

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O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, afirmou na manhã desta quarta-feira, 6, em São Paulo, que um cenário de alta do dólar em virtude da vitória de Donald Trump pode piorar as perspectivas de inflação nos próximos meses, o que faz crescer as expectativas do mercado pelo pacote de corte de despesas que o governo brasileiro deve apresentar nos próximos dias.

“Se a gente continuar com o câmbio tão pressionado, é um sinal de inflação pior. Isso significa um ciclo de taxa de juros alta por um período mais longo. Se a gente tirar muito do ruído local e dessa desconfiança fiscal, com o governo provando que consegue cumprir o arcabouço fiscal, já melhora o cenário”, avaliou durante o evento Casa Adyen, uma multinacional do setor de serviços financeiros.

Segundo ele, existe um um componente muito forte da alta da moeda norte-americana produzido por ruídos internos que causa dúvida principalmente sobre a capacidade de o Brasil continuar com a agenda de reformas iniciadas em 2016. Por isso, o País permanece na contramão de países como Colômbia, Chile e Canadá, que já iniciaram um ciclo de corte da taxa nominal de juros.

“Quando o investidor não consegue ter uma resposta crível, ele aumenta a expectativa de inflação e aumenta os juros para comprar títulos do governo”, explicou. “Mudar a trajetória da dívida é importante para ganhar credibilidade com o investidor. Não é necessário um ajuste brutal em três ou quatro anos, é preciso uma direção. Se o governo der esse guidance de como vai melhorar, imediatamente o mercado vai interpretar bem”, concluiu.

Levando em consideração que o principal desafio da economia brasileira está na política fiscal, uma revisão de gastos obrigatórios pelo governo seria, na visão de Mansueto, um sinal positivo aos agentes financeiros. No início do mês, em encontro promovido pela Esfera Brasil, em São Paulo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo tem priorizado ações de pente-fino em programas sociais, o que não tem sido suficiente para acalmar o mercado e conter a alta do dólar.

No evento desta quarta, falando a executivos do setor financeiro e também da área de tecnologia, Mansueto defendeu mudanças no sistema atual de seguro-desemprego e ponderou que, nesse caso, o Brasil segue uma lógica própria em comparação com outros países do mundo, que reduzem os recursos direcionados ao pagamento desse tipo de benefício à medida em que a taxa de desemprego cai. À Esfera Brasil, o economista disse que se considera esperançoso com o plano a ser anunciado pelo Planalto nos próximos dias.

“No Brasil, [o sistema do seguro-desemprego] é ao contrário. Fica mais fácil para as pessoas irem para a informalidade, aumentar a renda e voltar para o mercado. Oito milhões de pessoas pediram voluntariamente para deixar os empregos nos últimos meses e terão acesso ao seguro”, contou.

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