Reunião em Kazan pode fortalecer movimento “anti-Ocidente” e busca por protagonismo russo na geopolítica (Per-Anders Pettersson/Getty Images)
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Publicado em 22 de outubro de 2024 às 12h02.
Prevista para ocorrer nesta semana na cidade russa de Kazan, a primeira reunião do Brics com a participação dos novos integrantes deve ter foco na busca por uma alternativa ao dólar para transações comerciais entre seus integrantes, como forma de reduzir a exposição desses países à moeda norte-americana.
A partir de 1º de janeiro deste ano, Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito passaram a integrar o grupo após encontro em Joanesburgo, na África do Sul. A entrada da Argentina também havia sido aprovada, mas Javier Milei, presidente eleito em pleito realizado após a reunião do grupo, vetou a adesão. Em sua formação anterior, o Brics já contava com Brasil, Rússia, Índia, China e a própria África do Sul.
Para financiar projetos em países em desenvolvimento, o Brics conta com o Novo Banco de Desenvolvimento, criado para mobilizar recursos para soluções em sustentabilidade e infraestrutura. A instituição atualmente é chefiada pela ex-presidente Dilma Rousseff e trabalha em cooperação com organizações internacionais e outras entidades financeiras. Em março do ano passado, o banco contava com uma soma de US$ 30 bilhões em financiamentos aprovados.
Sobre a busca por uma alternativa ao dólar, uma das ideias ventiladas na ocasião da reunião de Joanesburgo seria a criação de uma unidade de referência monetária a partir de uma cesta composta pelas moedas nacionais dos integrantes, em um modelo que o think tank russo Valdai Club batizou de R5. A tendência é que o debate se intensifique até a próxima quinta-feira, 24, último dia das reuniões.
O governo russo informou que 32 países confirmaram presença no evento, sendo 23 representados por líderes de Estado. Entre as nações que podem ter um pedido de adesão para integrarem o grupo analisado estão Malásia, Turquia, Tailândia e Azerbaijão, o que poderia fortalecer um movimento “anti-Ocidente” a ser liderado por Vladimir Putin no xadrez da geopolítica.
Também é esperado que líderes internacionais debatam mudanças nos organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e seu Conselho de Segurança, na mesma direção de uma agenda prioritária de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto. O presidente brasileiro, que se recupera de uma lesão na nuca após sofrer uma queda em Brasília no fim de semana, não estará em Kazan e será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Em 2025, a presidência rotativa do grupo será exercida pelo Brasil.