Ministro Carlos Fávaro defende que Brics coordene agenda global com foco na produção sustentável de alimentos (Lula Marques/Agência Brasil)
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Publicado em 22 de abril de 2025 às 17h28.
Última atualização em 22 de abril de 2025 às 17h29.
Em uma posição que vai de encontro ao movimento de enrijecer as trocas comerciais entre os países protagonizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a declaração conjunta de ministros da Agricultura de países que integram o Brics – que estiveram reunidos em Brasília na última semana – destacou a importância de políticas comerciais justas e transparentes e criticou a existência de medidas protecionistas que vão contra os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Com 30% das terras agrícolas do mundo, além de 30% da pesca extrativa e aproximadamente 50% da população mundial, os países do Brics ocupam posição estratégica na segurança alimentar global. Juntos, abrigam mais da metade dos 550 milhões de estabelecimentos familiares agrícolas do planeta, responsáveis por cerca de 80% da produção de alimentos em termos de valor.
“Reconhecendo o importante papel do comércio agrícola na garantia da segurança alimentar, no fomento do desenvolvimento econômico e no enfrentamento de desafios globais como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e as desigualdades sociais, trabalharemos em colaboração para garantir que as políticas de comércio agrícola estejam alinhadas com os princípios multilaterais e apoiem a segurança alimentar global”, diz trecho do documento.
“Apoiaremos políticas comerciais agrícolas que priorizem a segurança alimentar e promovam práticas sustentáveis, previnam a volatilidade excessiva nos mercados agrícolas e protejam contra medidas protecionistas que sejam inconsistentes com a OMC e as regras comerciais multilaterais e que prejudiquem o abastecimento e a segurança alimentar global”, prossegue.
No fim do encontro com seus homólogos, o ministro Carlos Fávaro afirmou que uma das missões do Brics é coordenar um compromisso internacional com foco na produção sustentável de alimentos, justiça social e inovação tecnológica adaptada às realidades do Sul Global.
“O futuro da agricultura está diretamente ligado à capacidade de nossos países de inovar com equidade, produzir com responsabilidade e cooperar com confiança”, apontou.
Atualmente 11 países integram o grupo de economias emergentes. São eles: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Neste ano, o Brasil ocupa a presidência do Brics e sediará a reunião de cúpula do grupo, que deverá reunir os chefes de estado dessas nações em julho, no Rio de Janeiro. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a atuação brasileira na liderança do grupo é pautada por dois eixos: a reforma da governança global e a cooperação entre países do Sul Global.