Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, a empresa atende hoje cerca de 150 cidades brasileiras, e espera chegar a 200 cidades (Rafael Marchante/Reuters)
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Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 14h31.
O cenário da aviação comercial no Brasil está prestes a mudar. Com a assinatura do acordo entre a Azul e o Grupo Abra, controlador da Gol e da Avianca, no último dia 15, a união entre as empresas passa a concentrar 60% do mercado aéreo nacional, cobrindo 90% das rotas do País. As marcas devem, contudo, permanecer separadas.
Desde o ano passado, Azul e Gol já atuam sob um acordo de cooperação comercial com o propósito de garantir maior conectividade ao consumidor e oferecer mais opções de rotas e destinos dentro do Brasil. O acordo atual configura um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante, contrato preliminar que visa explorar uma combinação dos negócios.
Para o CEO da Azul, John Rodgerson, a iniciativa deve ser vista com bons olhos, uma vez que tem o crescimento do mercado brasileiro como um de seus pontos centrais. “O Brasil ainda tem poucos viajantes comparado a outros países da América Latina, então esta é uma oportunidade para fazer crescer o mercado. Hoje a Azul está servindo mais ou menos 150 cidades do País, e acreditamos que podemos chegar a 200 cidades. Também podemos acrescentar mais voos internacionais, [a partir] do Norte e do Nordeste do Brasil”, disse o executivo em entrevista à CNN Brasil.
Em nota, o diretor financeiro (CFO) do Grupo Abra, Manuel Irarrázaval, destacou que a combinação dos negócios pretende “criar um player de aviação global mais competitivo e resiliente e aumentar a democratização do setor”. Acrescentou, ainda, que esta é “uma oportunidade importante de intensificar ainda mais a nossa presença no Brasil e fortalecer nossa rede global”.
A fusão só poderá ocorrer após o fim da recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, que deve acontecer em abril deste ano. “A Azul e a Gol estão captando dinheiro. Quando se tem uma moeda que desvalorizou 30% no último ano, e também o Rio Grande do Sul, que fechou, e era 10% da malha aérea do Brasil... fomos fortemente impactados. Agora estamos convertendo dívida para equity. Então é uma oportunidade para trazer recursos para o Brasil”, avaliou Rodgerson.
Por se tratar de um contrato preliminar, o documento assinado não define se os preços das passagens aéreas devem ou não sofrer um aumento. A Gol informou, por nota, que detalhes a respeito do valor das passagens “ainda serão discutidos durante o processo”. “A transação, caso seja consumada, será submetida para aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e demais autoridades competentes.”
À imprensa, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou não ver risco de aumento nos preços. “Tem o Cade e a Agência Nacional de Aviação Civil [Anac] para fazer o papel de fiscalização. O que estamos observando é que essas duas companhias estão tentando se fortalecer para ajudar mais o Brasil”, declarou.