UE: o bloco e o Mercosul negociam o acordo firmado nesta sexta-feira há vinte anos / (Francois Lenoir/Reuters) (Francois Lenoir/Reuters)
Prestes a completar três anos em revisão, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia ainda tem pontos delicados a serem avaliados. O texto com a regulamentação, publicado em junho de 2019, precisa ser ratificado pelos parlamentos de UE e Mercosul e também pelos dos países membros dos dois blocos, mas ainda enfrenta impasses.
Alguns pontos que têm gerado polêmica são projetos ambientais do Brasil que tramitam no legislativo, como as propostas que flexibilizam o uso de agrotóxicos e a lei que permite a mineração em terras indígenas. Especialistas dizem que esses temas e a postura do governo brasileiro têm sido malvistos por líderes europeus e podem pesar contra a implementação do acordo.
"O problema é que presidente Jair Bolsonaro também passou a ser visto como um criminoso em relação à população indígena, como um genocida, como um ‘ecocida’. O problema é a credibilidade do governo", disse o eurodeputado Miguel Urbán à reportagem do jornal Folha de São Paulo.
Para o presidente da Argentina, Alberto Fernández, o avanço nas negociações entre os dois blocos é de extrema importância, mas o protecionismo da economia europeia também é um desafio para o andamento do acordo. O político discutiu o assunto em passagem recente na Alemanha e na França.
Em entrevista à Reuters, a comissária da UE Virginijus Sinkevicius disse que a bloco europeu e o Mercosul poderiam resolver as preocupações ambientais que atrasam o acordo de livre comércio até o final deste ano.
A expectativa é a de que, ao entrarem em vigor, as novas regras formem uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. O Ministério da Economia estima incremento do PIB brasileiro em US$ 87,5 bilhões em 15 anos.