Economia

Yellen reitera expectativa de elevações graduais

As condições financeiras se tornaram menos favoráveis ao crescimento, ao passo que estresses na China e em outros países podem afetar a economia dos EUA


	Presidente do Fed, Janet Yellen: as condições financeiras se tornaram menos favoráveis ao crescimento, ao passo que estresses na China e em outros países podem afetar a economia dos EUA
 (Jim Watson/AFP)

Presidente do Fed, Janet Yellen: as condições financeiras se tornaram menos favoráveis ao crescimento, ao passo que estresses na China e em outros países podem afetar a economia dos EUA (Jim Watson/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 13h03.

Washington - Em discurso que será lido mais tarde à Câmara dos Estados Unidos, a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Janet Yellen, sublinhará itens que podem atrasar os planos da autoridade monetária de elevar os juros.

Segundo Yellen, as condições financeiras se tornaram menos favoráveis ao crescimento, ao passo que estresses na China e em outros países podem afetar a economia dos Estados Unidos. As expectativas do mercado para a inflação também estão se deteriorando, disse.

Ainda que não tenha explicitamente apontado para um atraso nas elevações dos juros, o fato que a presidente do Fed tenha sublinhado essas informações deram ao discurso um tom pessimista. Isto demonstra a cautela do Fed em levar adiante seu projeto de continuar elevando os juros após a alta em dezembro.

"Recentemente, as condições financeiras nos Estados Unidos se tornaram menos favoráveis ao crescimento, como pode ser visto no declínio dos preços das ações, custos mais altos de empréstimo para negócios mais arriscados e na continuidade da valorização do dólar", disse Yellen.

"Estes desenvolvimentos, caso persistam, podem pesar sobre a perspectiva para a atividade econômica e para o mercado de trabalho, embora a queda nos juros de longo prazo e nos preços do petróleo possam agir como um contrapeso".

Quando o Fed subiu os juros em dezembro, os dirigentes da instituição apontaram para outras quatro elevações em 2016. No entanto, investidores se tornaram cada vez mais céticos quanto a essas projeções nas últimas semanas.

A próxima reunião de política monetária do Fed será em 15 e 16 de março. No entanto, de acordo com dados da CME, operadores acreditam que não há chances de uma alta nesta reunião. Apenas 19% das apostas acreditam que o Fed irá agir novamente este ano.

Ao discutir as perspectivas para a política monetária, Yellen se ateve ao discurso do Fed dos últimos meses, dizendo que "as condições econômicas devem evoluir de forma que permitirão altas apenas graduais nas taxas dos federal funds".

Com essas palavras, Yellen ainda deixa espaço para novas elevações este ano. Ainda assim, seu foco nas condições financeiras, nas incertezas do exterior e nas expectativas de inflação mostram que o cenário se tornou mais difícil para justificar uma nova alta dos juros.

Os dirigentes do Fed dão atenção especial para o rumo das expectativas de inflação. O banco central não quer mais pressão sobre os preços ao consumidor, uma vez que a inflação está abaixo da meta de 2% há mais de três anos e meio.

"As expectativas de inflação têm um papel importante no processo inflacionário", disse Yellen. "E a confiança (do Fed) na perspectiva para a inflação depende de forma importante do grau em que as expectativas de inflação permanecem bem ancoradas no longo prazo."

Um relatório do Fed que será divulgado juntamente com o discurso de Yellen sublinhará os riscos externos para as perspectivas econômicas dos EUA, além de complicações que podem surgir com o fato de que outros bancos centrais estão cortando seus juros no momento em que a autoridade monetária norte-americana pretende elevá-los.

Esta divergência tem colocado pressão adicional sobre o dólar, que amplifica as consequências dos já pequenos ajustes de juros do Fed ao prejudicar as exportações.

"Todo o resto constante, uma contribuição menor do setor externo à economia norte-americana aponta para um ritmo mais gradual de normatização da política monetária nos Estados Unidos", afirma o documento. 

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