Janet Yellen, nova chair do Federal Reserve, durante um depoimento a um comitê da Câmara dos Deputados, em Washington (Drew Angerer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 16h04.
Washington - A nova chair do Federal Reserve, Janet Yellen, que assumiu a batuta do banco central norte-americano neste mês, deixou claro nesta terça-feira que não fará mudanças abruptas na política monetária norte-americana, afirmando que deve continuar reduzindo o estímulo embora a recuperação do mercado do mercado de trabalho esteja longe de ser completa.
Em seus primeiros comentários públicos como chair do Fed, Yellen, em depoimento equilibrado a um comitê da Câmara dos Deputados, reconheceu a recente volatilidade nos mercados financeiros globais, mas disse que neste estágio isso "não representa risco substancial à perspectiva econômica dos Estados Unidos".
"Segundo várias medidas, nossa economia não voltou, o mercado de trabalho não voltou, ao normal", afirmou ela.
Ela enfatizou uma continuidade na abordagem do Fed sobre a política monetária, dizendo que apoia firmemente a abordagem guiada por seu antecessor, Ben Bernanke.
O Fed reduziu sua compras de ativos mensais em 10 bilhões de dólares em suas duas últimas reuniões, para o total de 65 bilhões de dólares, e espera encerrar o programa ainda este ano.
Embora a taxa de desemprego tenha caído em 1,5 ponto percentual desde que o programa de compra de títulos começou em setembro de 2012, o nível atual de 6,6 por cento continua "muito acima dos níveis" que o Fed enxerga como consistentes com um emprego máximo sustentável, disse Yellen.
"A recuperação no mercado de trabalho está longe de completa", disse Yellen, de acordo com declarações preparadas para o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos.
Yellen, apenas na sua segunda semana no posto, citou a "parcela anormalmente grande" de norte-americanos desempregados que não consegue emprego há mais de seis meses e o número "muito alto" de funcionários de meio período que preferiria empregos em tempo integral.
"Estas observações salientam a importância de considerar mais do que apenas a taxa de desemprego ao avaliar a condição do mercado de trabalho dos Estados Unidos", afirmou Yellen.
Yellen recebeu vários elogios de parlamentares republicanos e democratas pelo fato de ser a primeira mulher a comandar o Fed.
Mais de cinco anos depois que a recessão acabou, o Fed embarcou no que talvez tenha sido sua mais difícil mudança de política ao tentar parar de inundar o sistema financeiro com dinheiro barato e ao mesmo tempo convencer investidores de que as taxas de juros vão permanecer perto de zero até meados do ano que vem.
Yellen disse que o Fed deve "reduzir o ritmo de compras de títulos de maneira gradual em futuras reuniões" se os dados econômicos fornecerem amplo apoio às expectativas das autoridades sobre os mercados de trabalho melhores e um aumento na inflação.
Yellen acrescentou que o Fed está "observando atentamente a recente volatilidade", dizendo também: "Acreditamos que neste estágio estes acontecimentos não representam um risco substancial às perspectivas econômicas dos Estados Unidos. Vamos, claro, continuar a monitorar a situação".
Destacando que a inflação permanece abaixo da meta de 2 por cento do Fed, Yellen disse que "a recente fraqueza reflete fatores que provavelmente se provarão transitórios, incluindo preços de petróleo em queda e deteriorações nos preços de importações de itens excluindo petróleo".
O Fed não deixará que a inflação fique "persistentemente acima ou abaixo" de sua meta de 2 por cento, afirmou ela.
Há muito preocupada com o sofrimento que a recessão de 2007-2009 causou aos trabalhadores norte-americanos, Yellen é por vezes considerada mais expansionista do que Bernanke e portanto, disposta a fazer mais para estimular a economia, mesmo que a inflação possa eventualmente subir.
Os integrantes do Fed, que se reúnem novamente em 18 e 19 de março, considerariam interromper a redução do estímulo se houvesse "redução notável na perspectiva" para a economia, disse Yellen.
Apenas "deterioração significativa" na perspectiva para o mercado de trabalho ou preocupações muito sérias de que a inflação não está avançando com o tempo, levariam as autoridades a considerar aumentar o ritmo das compras de títulos.