Economia

Yellen adverte sobre riscos domésticos e globais para os EUA

Yellen destacou que "as incertezas sobre a política cambial" na China aumentam "a volatilidade dos mercados financeiros"


	Janet Yellen: Yellen destacou que "as incertezas sobre a política cambial" na China aumentam "a volatilidade dos mercados financeiros"
 (Kevin Lamarque/Reuters)

Janet Yellen: Yellen destacou que "as incertezas sobre a política cambial" na China aumentam "a volatilidade dos mercados financeiros" (Kevin Lamarque/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 19h23.

A presidente do Federal Reserve americano (Fed), Janet Yellen, advertiu nesta quarta-feira que a economia e o crescimento dos Estados Unidos enfrentam riscos domésticos e internacionais.

A evolução econômica global "coloca riscos para o crescimento dos Estados Unidos", considerou Yellen nesta quarta-feira perante a Comissão de Finanças da Câmara de Representantes.

Yellen destacou que "as incertezas sobre a política cambial" na China aumentam "a volatilidade dos mercados financeiros".

Ela também considerou a existência de condições financeiras menos favoráveis nos Estados Unidos, como a baixa das ações na Bolsa e uma nova valorização do dólar, o que pode "afetar a atividade e o mercado de trabalho".

"O Comitê Monetário (do Fed) acompanha de perto os acontecimentos econômicos e financeiros no mundo", garantiu ela, reforçando as diretrizes do último comunicado do FOMC no final de janeiro, quando se manteve as taxas de juros sem alteração.

Duas vezes por ano, a presidente do Fed fala na Câmara baixa e, depois, no Senado, sobre o estado da economia.

O Fed havia aumentado ligeiramente as taxas em dezembro, após sete anos de taxa zero, para estimular a recuperação da economia americana. Atualmente, situam-se entre 0,25% e 0,50%.

Yellen evitou fechar explicitamente a porta para um novo aumento na reunião do FOMC em março: "o Comitê prevê que as condições econômicas evoluem de tal forma que seja necessária apenas uma alta gradual das taxas".

Ela reiterou sua confiança em que a inflação, muito baixa há tempos devido aos reduzidos custos de energia, chegue a 2% em médio prazo.

Também destacou os "notáveis" avanços no mercado de trabalho. A taxa de desemprego caiu para 4,9% em janeiro, apesar de o ritmo de criação de novas vagas ter-se reduzido.

Janet Yellen considerou que a economia dos Estados Unidos vai experimentar "um crescimento moderado", depois de ter-se expandido apenas 1,75% no último trimestre de 2015.

Várias fontes de preocupação

São muitas as fontes de preocupação, levando a crer que o Fed não deve se precipitar e aumentar as taxas de juros.

NO início do ano, os membros do Fed consideravam elevar as taxas gradualmente até 1,4%. Esse cenário parece agora menos provável, diante do desaquecimento da economia mundial e das turbulências nos mercados financeiros.

Em relação à China, Yellen disse que, "apesar de os recentes indicadores econômicos não sugerirem um desaquecimento significativo do crescimento, a queda do valor do remninbi (iuane) intensificou as incertezas sobre a política cambial na China e as perspectivas de sua economia".

A presidente do Banco Central americano lamentou que essas incertezas tenham "aumentado a volatilidade dos mercados internacionais e (...) exacerbado as preocupações com as perspectivas do crescimento mundial".

Depois de descrever um círculo vicioso, Janet admitiu temer que um menor crescimento da economia internacional possa reduzir os preços das matérias-primas, o que "causa um estresse financeiro nos países exportadores".

"Se esses riscos (...) se materializarem, a atividade no exterior e a demanda de exportações americana podem se enfraquecer, ao mesmo tempo em que as condições nos mercados financeiros poderão se endurecer ainda mais", alertou.

"Em resumo, Yellen não é suficientemente moderada para os moderados", que querem prolongar o apoio monetário à economia, nem é "suficientemente conservadora para os conservadores", que pregam um rápido aumento das taxas, estima Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics.

Para o analista, há 50% de chance de que as taxas subam em março.

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