Economia

Xi Jinping tenta recriar “rota da seda” na Europa

Líder chinês passará por países europeus para discutir acordos de investimento em infraestrutura e exportação

Xi Jinping: presidente chinês e sua esposa chegaram na última quinta-feira, 21, à Itália para encontro com governo local (Yara Nardi/Reuters)

Xi Jinping: presidente chinês e sua esposa chegaram na última quinta-feira, 21, à Itália para encontro com governo local (Yara Nardi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2019 às 06h25.

Última atualização em 22 de março de 2019 às 06h59.

O caminho para a nova “rota da seda” começa em Roma. Na quinta-feira, 21 o presidente chinês Xi Jinping desembarcou na Itália para começar uma incursão no continente europeu. Xi deve se reunir nesta sexta-feira, 22, com o presidente italiano, Sergio Mattarella, para debater um acordo de exportação entre os países. Depois, no domingo, se encontrará com membros do governo de Mônaco e com o presidente francês Emmanuel Macron. A viagem faz parte da estratégia do país asiático de fortalecer sua presença internacional, num projeto de investimento gigantesco em infraestrutura na Ásia, Europa, Oriente Médio e África, batizado de Belt And Road. É um projeto que tenta recriar a antiga roda da seda que fez a China dominar o comércio entre a Ásia, a Europa e o Oriente Médio durante séculos. 

O governo chinês já investiu bilhões de dólares em mais de 60 países com o projeto desde seu anúncio em 2013, especialmente com a construção de rodovias, ferrovias e portos. Estima-se que o valor total do investimento nos próximos anos pode ultrapassar a marca de 1 trilhão de dólares, de acordo com a revista britânica The Economist. Na Itália, por exemplo, o acordo deve incluir os portos das cidades de Gênova, Trieste, Palermo e Ravena.

Se a Itália de fato assinar o acordo chinês da iniciativa Belt and Road no próximo dia 23, será o primeiro país integrante do grupo G7 a fazê-lo. Na prática, a China conseguiria exportar seus produtos pela Europa através dos portos italianos e também produziria uma parte de seus itens no país, para que eles cumpram as exigências da União Europeia. Em contrapartida, a Itália, além de ganhar investimentos em infraestrutura, espera aumentar suas exportações para a China, que possui o maior mercado do mundo.

Outra possibilidade de negociação entre os dois países envolve as redes de internet de quinta geração, chamadas de 5G. A China está em uma campanha para que a empresa chinesa Huawei consiga instalar sua infraestrutura no exterior, já que é bastante experiente na fabricação de equipamentos com esse propósito. Os Estados Unidos, no entanto, pediram para seus países aliados evitarem comprar a tecnologia 5G da companhia, pois ela poderia ser usada para espionagem pelo governo de Pequim.

As negociações de Roma com Pequim estão preocupando lideranças na Europa e nos Estados Unidos, que gostariam que os antigos aliados comerciais adotassem uma postura única diante do projeto chinês. Alguns políticos italianos também estão inseguros. Matteo Salvini, líder da Liga de direita do país, disse estar preocupado que a estratégia não ajude as empresas locais a investir no exterior, mas sim que coloque em questão “a colonização da Itália e de suas companhias por poderes internacionais”.

O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte insiste que os acordos com a China serão positivos para a economia do país e afirmou ao parlamento que “nem remotamente colocam em dúvida nossa aliança Euro-Atlântica”. Em abril, o político deve participar de um encontro da iniciativa Belt and Road na China. Para o político, a Itália, há dez anos sem crescimento econômico, está criando suas próprias oportunidades.

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