A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima um excedente mundial de açúcar em 2011/12 de cerca de 5,2 milhões de toneladas (Nelson Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2012 às 15h59.
Cingapura - O superávit do mercado mundial de açúcar deverá continuar pelo menos até 2013/14, avaliou a trading de commodities agrícolas Wilmar International, nesta quinta-feira, sinalizando uma provável queda dos preços.
"Se entramos neste tipo de ciclo de grande excedente, o preço de mercado de açúcar terá que chegar a um ponto onde a produção será reduzida", disse o diretor-geral da Wilmar, Jean-Luc Bohbot, em entrevista à Reuters.
Ele acrescentou que o mercado de açúcar provavelmente terá superávit pelo menos até 2013/14, assumindo que não venham a ocorrer questões climáticas importantes.
A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima um excedente mundial de açúcar em 2011/12 de cerca de 5,2 milhões de toneladas.
Bohbot disse esperar que os fluxos do comércio mundial caiam nos próximos dois anos, uma vez que vários importadores aumentaram sua produção, causando uma queda na demanda por açúcar do principal produtor, o Brasil.
"Três principais players podem desestabilizar a demanda global: Rússia (CIS), Índia e a China. Podemos supor que a Rússia e a Índia serão, pelo menos, autossuficientes. A safra da China deve se recuperar ", disse Bohbot.
A incerteza sobre se o tempo seco pode causar danos à lavoura para o próximo ciclo do Brasil ajudou os futuros do açúcar bruto da ICE a ter um rali para máxima de três semanas a 26,20 centavos de dólar por libra-peso na terça-feira.
"Não é uma surpresa ver a reação do mercado ao risco de clima brasileiro, ele só ajuda os produtores a capturar um preço muito atrativo e a retardar o impacto do excedente que está chegando", disse Bohbot.
"Pela primeira vez, os mercados de futuros não estão agindo como um antecipador dos acontecimentos, mas estão adiando o ajuste de preços, o que poderia piorá-los."
Bohbot acrescentou que com a Tailândia, Índia e Europa aumentando a sua fatia de oferta no mercado global, o mundo seria menos dependente do Brasil.
Os preços do açúcar caíram para cerca de 10 centavos de dólar por libra-peso em 2008, quando um grande excedente global pesou sobre os preços depois de um salto na produção mundial.
Wilmar, a maior empresa do mundo de óleo de palma listada, expandiu rapidamente suas operações de açúcar nos últimos anos.
A empresa comprou a maior usina de açúcar da Austrália, a Sucrogen da CSR, em 2010, por 1,830 bilhão de dólares, e no ano passado assummiu a Proserpine Sugar Co-operative por 120 milhões de dólares australianos.
"Podemos prever que nos próximos 10 anos, mais de 60 por cento de crescimento açúcar virá da Ásia, talvez mais, por isso é um foco óbvio para Wilmar, que já tem uma posição forte na Ásia", disse Bohbot.
Projetos greenfield são difíceis em açúcar, Bohbot acrescentou, reconhecendo que o crescimento Wilmar no mercado virá provavelmente de aquisições.