Economia

Wikileaks revela supostas táticas negociadoras do FMI

Na conversa divulgada neste sábado, dois máximos responsáveis do FMI falam sobre como conseguir impor condições à Grécia


	FMI: na conversa divulgada neste sábado pelo Wikileaks, dois máximos responsáveis da entidadeI falam sobre como conseguir impor condições à Grécia
 (Yuri Gripas / Reuters)

FMI: na conversa divulgada neste sábado pelo Wikileaks, dois máximos responsáveis da entidadeI falam sobre como conseguir impor condições à Grécia (Yuri Gripas / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2016 às 10h31.

Atenas - O Wikileaks publicou neste sábado uma suposta transcrição de uma videoconferência entre os dois máximos responsáveis do Fundo Monetário Internacional (FMI) na crise helena na qual revelam suas técnicas de negociação e pressão sobre o resto de credores da Grécia.

O documento filtrado pelo portal identifica os interlocutores como o diretor dos assuntos para a Europa do FMI, Poul Thomsen e a chefe da missão do FMI na Grécia, DeLia Velculescu.

Nesta conversa ambos responsáveis falam sobre como conseguir impor nas condições do terceiro resgate da chamada tétrade -Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE), Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e o próprio FMI- o alívio da dívida grega e a exigência de um superávit primário muito maior, de 3,5% para 2018, em troca da participação do fundo em dito resgate.

Este alvo de superávit suporia um corte de entre 7,5 e 9 bilhões de euros, que contrasta com os 5,5 bilhões desejados pela CE e os 1,8 bilhão propostos pela Grécia.

Para salvar a resistência da Alemanha, um dos países mais reticentes a aceitar estas condições do FMI, Thomsen sugere a Velculescu utilizar a crise dos refugiados.

Thomsen acredita que poderia lembrar à chanceler Angela Merkel que a não incorporação do organismo ao resgate grego acarretaria em muitas "perguntas" no parlamento alemão, onde já enfrenta grandes resistências dentro e fora de seu partido pelo amparo de migrantes em território germânico.

Além disso, ambos concordam que, se o governo grego receber suficiente pressão, no final "termina cedendo" como já ocorreu no passado quando "ficou sem dinheiro".

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, convocou hoje uma reunião de urgência com seu gabinete de crise, na qual participam seu ministro das Relações Exteriores, Nikos Kotzias, e o de Finanças, Euclides Tsakalotos, para avaliar este documento.

"Não vamos permitir que qualquer um possa tentar jogar em detrimento de nosso país", expressou um cargo governamental à agência de notícias grega, "AMNA".

Os chefes da tétrade retomam as conversas com os responsáveis do Executivo heleno na segunda-feira em Atenas.

Está previsto que DeLia Velculescu viaje hoje à capital grega.

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