Rodrigo Maia: presidente da Câmara dos Deputados planeja encerrar segundo turno de votação da reforma da previdência até a noite de sexta-feira (12) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de julho de 2019 às 19h55.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 20h14.
O presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 11, em entrevista à TV Bandeirantes, que a intenção é votar até a madrugada de hoje os destaques ao texto base da reforma da Previdência, aprovado ontem em primeiro turno no plenário da Casa. Depois, a votação em segundo turno começaria nesta sexta-feira, para encerramento durante a noite. "Estou trabalhando para concluir os trabalhos da reforma", disse Maia.
Questionado sobre quais reformas viriam após a previdenciária, Maia afirmou que a tributária "é muito importante". "Espero que o governo encaminhe no próximo semestre uma forte reforma administrativa", acrescentou. "E precisamos discutir o Bolsa Família, projetos sociais e alocação de recursos. Há muitos recursos que às vezes estão mal alocados", acrescentou o presidente da Câmara.
Ao tratar da necessidade das reformas, Maia pontuou que hoje "estão sobrando poucos recursos para que possamos investir na qualidade de vida da população". "Temos que organizar melhor o gasto do governo na área social", disse.
O presidente da Câmara também afirmou, ao falar sobre a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno, que não existem "vitórias absolutas" numa democracia. "Não existe vitória de apenas um deputado", afirmou Maia. "Este talvez seja o parlamento mais reformador desde a redemocratização. A aprovação da previdência é uma vitória do Brasil. A Câmara é representação do País", acrescentou.
Segundo ele, desde a redemocratização, na década de 1980, não se vê uma votação de tema tão polêmico no Congresso, como a reforma da Previdência. "Com resultado contundente", acrescentou, em referência à aprovação por 379 votos.
Maia afirmou ainda à TV Bandeirantes que está sendo construído entre os parlamentares "algum entendimento" sobre um destaque à reforma da Previdência apresentado pelo PDT. O destaque nº 43, encaminhado pelo partido, busca reduzir de 57 para 55 anos a idade de aposentadoria de professoras na regra de transição, cujo pedágio é de 100%.
De acordo com Maia, o gasto gerado pelo destaque será pequeno em relação ao de uma emenda, derrubada ontem, que previa despesas muito maiores na aposentadoria de professores.
Maia afirmou ainda, ao avaliar o texto da reforma de modo geral, que ele "talvez seja um bom acordo", porque "perdemos pouco da economia de R$ 1 trilhão".
Ao mesmo tempo, Maia disse não ver espaço para alterações em regras de transição hoje, por meio dos destaques. "Não tem espaço para a gente mexer nisso hoje, acho difícil, até porque a reforma foi bem organizada primeiro pelo ministro (da Economia) Paulo Guedes e agora pelo deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) na comissão", afirmou Maia. "Se a gente mexer muito isso, a gente vai dar uma sinalização que está flexibilizando demais. E acho que já não dá mais para que mexamos nesta economia, que precisa ficar na ordem de R$ 900 bilhões, R$ 950 bilhões pelo menos."
O presidente da Câmara afirmou ainda que foi feito um acordo com a bancada feminina em relação ao projeto da reforma da Previdência. O texto-base foi aprovado na noite de quarta-feira, 10, no plenário da Câmara. A expectativa é de que todos os destaques sejam votados hoje.
Sem entrar em detalhes, Maia afirmou que o acordo com a bancada feminina envolve 3 ou 4 destaques apresentados ao projeto.
Questionado sobre o caso dos policiais federais, o presidente da Câmara explicou que eles queriam um acordo para reduzir "tirar a idade mínima de 55 anos". "Não dá", afirmou Maia.
"A reforma é dura, não é simples, mas é fundamental para equilibrar a Previdência", acrescentou. Segundo ele, construiu-se um texto que tem o apoio do plenário. "Não é justo que trabalhadores tenham regra de transição e policiais tenham regra diferente", acrescentou.