Economia

Voos da Gol na Pampulha pode iniciar briga entre aeroportos de BH

Reabertura do aeroporto da Pampulha foi uma decisão política tomada no auge da última votação da denúncia contra o presidente Michel Temer

Fontes em Brasília acreditam que, com o início da venda de passagens da Gol na Pampulha, ficará difícil reverter a reabertura (ROBSON FERNANDJES/Divulgação)

Fontes em Brasília acreditam que, com o início da venda de passagens da Gol na Pampulha, ficará difícil reverter a reabertura (ROBSON FERNANDJES/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 08h47.

São Paulo - A Gol Linhas Aéreas vai dar o pontapé para a reabertura do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. A companhia anunciou que começará a vender nesta quinta-feira, 30, bilhetes na rota Pampulha-Congonhas para voos a partir de 22 de janeiro de 2018.

Esse é o primeiro pedido de novos trechos aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde a polêmica decisão de reabrir o terminal mineiro, no fim do mês passado.

A reabertura da Pampulha foi uma decisão política tomada no auge da última votação da denúncia contra o presidente da República Michel Temer.

Também foi uma vitória da Infraero, que vem perdendo poder no setor desde o início do processo de concessões. Do outro lado está o Aeroporto de Confins, arrematado em 2013 pela BH Airport, grupo formado pela CCR e pela suíça Zurich Airport.

A medida deve afetar a demanda da concessionária, que entrou na Justiça para questionar a decisão. Nota técnica do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, emitida no início do ano, diz que a retomada da Pampulha poderá representar queda de 8,5% a 51% da receita de Confins.

Fontes em Brasília acreditam que, com o início da venda de passagens da Gol, ficará difícil reverter a reabertura.

Além disso, veem o possível início de uma batalha judicial, que pode respingar nas futuras concessões do setor e nas contas do governo, caso as outorgas sejam depositadas em juízo.

Além do trecho para Congonhas, a agência reguladora avalia outras três rotas solicitadas pela Gol, que terá 26% da oferta da Pampulha - Avianca, Azul e Latam também deverão ter novos espaços no aeroporto no futuro. Segundo a Anac, que anunciou a alocação dos slots na primeira quinzena deste mês, as demais companhias ainda não fizeram suas solicitações de trechos.

Discussões

O Estado apurou que, pelo menos por enquanto, a Gol não pretende reduzir o total de voos operados de Confins. Uma fonte lembrou que o espaço da Pampulha é relativamente pequeno, além de não receber investimentos há muito tempo.

O aeroporto terá capacidade para 11 movimentos por hora, considerando chegadas e partidas. Mas esse planejamento só foi possível alternando voos com aeronaves maiores e menores no horário mais demandado, o das 9h - exatamente o horário de estreia da Gol.

Conforme as solicitações das aéreas, os destinos mais demandados foram Brasília (DF), Santos Dumont (RJ), Vitória (ES), Congonhas (SP) e Goiânia (GO).

Uma ala do mercado acredita que assim como São Paulo e Rio, Belo Horizonte também tem capacidade para um segundo aeroporto.

Não é, no entanto, a conclusão da nota técnica do Ministério dos Transportes. "Conforme a bibliografia, a região apresentaria ineficiência nas operações em um cenário de operação plena dos dois aeroportos em concorrência, visto que haveria excesso de capacidade instalada, serviços replicados e custos relacionados à operação de ambos os aeroportos", destaca a nota.

A BH Airport, que administra Confins, não foi encontrada para falar do assunto. A Gol não quis comentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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