Economia

Volta da CPMF pode impactar o setor de cartões, diz Abecs

Imposto sobre transações financeiras pode frear avanço da indústria de cartões que deve movimentar mais de R$ 1,8 trilhão em 2019

As duas maiores credenciadoras (Cielo e Rede) representavam 94% em 2014 e agora respondem por 65% (Germano Lüders/Exame)

As duas maiores credenciadoras (Cielo e Rede) representavam 94% em 2014 e agora respondem por 65% (Germano Lüders/Exame)

NF

Natália Flach

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 12h49.

Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 17h09.

São Paulo - Os cartões movimentaram 850 bilhões de reais no primeiro semestre, alta de 18% ante o mesmo período de 2018. Mais especificamente, os cartões de crédito registraram 534,4 bilhões de reais transacionados (avanço de 18,8%), ou seja, responderam por 63% das transações.

Já os de débito somaram 308 bilhões de reais (alta de 16%) e os pré-pagos, 7,4 bilhões de reais (crescimento de 70,4%), de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs).

“A indústria deve encerrar o ano com mais de 1,8 trilhão de reais em transações, lembrando que no segundo semestre há datas importantes para o comércio, como dia das crianças e Natal, além de liberação de PIS / Pasep. Quiçá, veremos crescimento entre 17% e 19% - e não 17% como prevíamos anteriormente. Nesse sentido, representará algo como 27,5% do PIB brasileiro”, afirma Pedro Coutinho, presidente da Abecs.

Se isso se confirmar, a expectativa inicial é que o uso de cartões represente 43,5% do consumo das famílias em 2019, sendo que a meta é alcançar 60% em 2022. No ano passado, esse percentual ficou em 38%.

Mas há empecilhos no caminho: é o caso da proposta do governo Bolsonaro de criar um novo imposto sobre transações financeiras nos moldes da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

“A CPMF pode atrapalhar, sim. Mas não acho que a população vai deixar de usar cartão, depois de aprender a usar um meio de pagamento sem fricção, e voltar a encher o bolso de dinheiro”, diz. 

Além do avanço do uso dos cartões, os custos das operações caíram do segundo trimestre de 2019 ante o mesmo período de 2018. Houve queda de 17% na taxa média cobrada nas transações de débito e 8% no de crédito.

No total, o recuo da taxa conhecida como MRD (merchandising discount rate) foi de 10%, quando passou de 2,12% para 1,91%. “Isso é resultado de mais competição e de novas tecnologias. A tendência é continuar caindo.” Já a inadimplência se manteve estável em 5,8%.

Credenciadoras

As duas maiores credenciadoras (Cielo e Rede) representavam 94% em 2014 e agora respondem por 65%. Hoje, existem mais de 20 adquirentes no mercado. Já a participação dos cinco maiores emissores passou de 85% e passou para 77%.

Acompanhe tudo sobre:Cartões de créditocartoes-de-debitoCPMF

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto