Standard & Poor 's: a S&P diz que esse eventual aperto, juntamente com um ajuste fiscal, pode prejudicar ainda mais a atividade econômica em 2015 (Stan Honda/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 15h04.
São Paulo - Uma vitória da oposição nas eleições presidenciais de outubro levaria a uma correção dos preços administrados, o que possivelmente forçaria um novo aperto monetário por parte do Banco Central, segundo avaliação da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P).
No seu relatório sobre perguntas frequentes em relação o atual processo eleitoral brasileiro, a S&P diz que esse eventual aperto, juntamente com um ajuste fiscal, pode prejudicar ainda mais a atividade econômica em 2015.
"Qualquer novo governo provavelmente elevaria os preços administrados, pelo menos um pouco, já que esses ajustes têm sido represados pela atual administração. Com a inflação persistentemente perto do teto da meta, isso pode implicar um aperto monetário adicional. Uma política fiscal mais rígida, cuja magnitude mudaria dependendo de quem seja eleito, também poderia prejudicar o crescimento no curto prazo", diz a S&P.
A agência ainda cita o fato de que o próximo presidente precisa levar em conta a possibilidade de um racionamento de energia no ano que vem, dado o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. "No geral, nós acreditamos que 2015 será um ano difícil."
De acordo com a agência, o impasse nos últimos anos sobre a reforma tributária e outras mudanças estruturais prejudica o crescimento do País.
Entre os poucos pontos positivos citados pela S&P está a estrutura de concessões no setor de infraestrutura, "mais favorável do que no início da administração de Dilma Rousseff". Mesmo assim, muitos avanços ainda são necessários e a empresa diz esperar "progressos lentos" na resolução dos gargalos. "Os líderes brasileiros ainda precisam superar a estagnação nas reformas."
No âmbito político, a S&P aponta que o apoio do PMDB ao próximo presidente, seja qual for, é essencial para a governança e a aprovação de reformas. A agência acredita que Aécio Neves (PSDB) poderia conseguir esse apoio, enquanto a situação em uma eventual vitória de Marina Silva (PSB) é mais incerta.
A S&P aponta que quase 70% do eleitorado deseja "mudanças", segundo pesquisas de opinião, mas não está claro se isso seria suficiente para tirar o PT do poder e voltar a um governo do PSDB. Essa situação torna Marina Silva uma alternativa interessante para aqueles que desejam melhorias, mas querem manter algumas políticas tradicionais petistas.
Mesmo assim, a agência de rating não crava quem seria o vencedor no seu cenário base, apontando que "as dinâmicas eleitorais mudaram, mas ainda há uma longa estrada pela frente" até o fim da corrida presidencial.