Dominique Strauss-Kahn foi acusado de agredir sexualmente uma jornalista e uma camareira de um hotel (Ed Jones/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2012 às 12h52.
Cambridge - Entre petições, manifestações e até a intervenção do advogado da suposta vítima de estupro de Nafissatou Diallo, a conferência de Dominique Strauss-Kahn sobre a economia mundial, prevista para esta sexta-feira, tem criado uma enorme revolta na prestigiosa Universidade de Cambridge.
O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi convidado pela "Cambridge Union Society", a associação estudantil da universidade, para expor seu ponto de vista sobre "a situação da economia mundial".
A conferência está prevista para às 19H30 GMT (16H30 de Brasília) e as entradas para assistir tiveram que ser sorteadas devido à demanda.
O convite foi criticado pelas mulheres do sindicato CUSU (Cambridge University Studen's Union), que iniciou um abaixo-assinado e decidiu organizar uma contra-reunião, além de uma manifestação.
As mulheres convidaram o advogado de Nafissatou Diallo, a camareira de um hotel de Nova York que acusou Dominique Strauss-Kahn (DSK) de agressão sexual. Douglas H. Wigdor deve discursar na Faculdade de Direito da universidade.
"Ele relatará o caso e a maneira como o sistema judicial prejudica sistematicamente as mulheres e os imigrantes" , anunciou o CUSU em um comunicado.
"Alegra-me poder compartilhar meu ponto de vista sobre a agressão sexual de Strauss-Kahn a Diallo, seu impacto nas outras vítimas de agressões sexuais e os últimos acontecimentos deste caso", declarou o advogado.
"Entregar a DSK uma tribuna para que fale sobre economia, ignorar as investigações em curso (...) equivale a deixar estas questões de lado e alimentar a cultura de silêncio e vergonha que envolve o estupro", denunciaram as mulheres do sindicato.
"Importante personagem do FMI, DSK possui conhecimentos excepcionais em sua área. Este é o motivo pelo qual os convidamos", respondeu a Cambridge Union Society.
"Não vamos retirar o nosso convite", ressaltou a associação, que já convidou no passado o Dalai Lama e o líder francês de ultra-direita Jean-Marie Le Pen, lembrando que "falar para a associação não implica nenhuma aprovação nem apoio".
O Ministério Público de Nova York retirou as acusações contra DSK, que chegou a ser indiciado por agressão sexual contra Nafissatou Diallo, empregada do hotel Sofitel de Nova York.
Mas o ex-diretor do FMI, de 62 anos, está envolvido em outro processo, conhecido como caso Carlton, na França.
Ele deve ser convocado no dia 28 de março pela justiça francesa e poderá ser acusado, entre outras coisas, por cumplicidade em proxenetismo agravado e formação de quadrilha, segundo uma fonte judicial.