Ruas vazias em Wuhan, China. 08 de fevereiro de 2020 Foto: Getty Images (Correspondente/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2020 às 06h37.
A província chinesa de Hubei está agora na terceira semana de um bloqueio provocado pelo vírus que matou centenas de pessoas e paralisou uma potência industrial do tamanho da Suécia.
Cada dia de bloqueio aprofunda a crise da economia da China e, na verdade, do mundo. O maior produtor de fósforo da China, usado em fertilizantes, tem sede na província, que também concentra a indústria automobilística do país, com montadoras chinesas como Dongfeng Motor e titãs globais como PSA e Honda Motor, que fabricam veículos e componentes.
Entre os primeiros centros industriais da China, por muitos anos Hubei cresceu mais rapidamente do que a média nacional. O transporte ferroviário, fluvial e rodoviário bem conectado é complementado por uma oferta constante de graduados de várias universidades locais. Bloquear essa grande área de produção chinesa levanta questões sobre as metas econômicas do governo e sobre multinacionais que dependem da produção da província.
O bloqueio começou em 23 de janeiro, quando o governo ordenou que as pessoas ficassem em casa em Wuhan, capital da província, e que depois expandiu progressivamente as restrições para outras regiões de Hubei.
A província abriga uma ampla variedade de indústrias, além do grande peso do setor de educação.
“A participação da indústria secundária em Hubei é maior do que a média da China e pode impactar a produção industrial em todo o país”, já que não é fácil encontrar substitutos em pouco tempo, disse Xu Gao, economista-chefe da BOCI Securities, em Pequim. “A magnitude da influência depende do desenvolvimento da epidemia”, disse, acrescentando que o impacto seria de curta duração se puder ser controlado neste mês.
A importância do setor automotivo de Hubei representa um dos maiores riscos na China e no exterior, pois o segmento é vital para a economia em geral e possui uma extensa cadeia de fornecedores. Wuhan é um dos principais centros da indústria automobilística na China.
Mais da metade dos 20 maiores fabricantes globais de autopeças produzia componentes na região antes do surgimento do vírus, segundo a China Automotive Technology & Research Center.
O setor de serviços, composto principalmente por empresas privadas, corre mais risco do que as indústrias. É muito provável que hotéis na China tenham prejuízo, e o setor de restaurantes e catering terá dificuldades para permanecer rentável, de acordo com relatório de pesquisa da Huachuang Securities divulgado na quinta-feira.
“Esses setores de mão de obra intensiva podem criar pressão direta sobre o emprego”, disse Zhang Yu, analista-chefe de macro da Huachang. Enquanto empresas industriais podem acelerar a produção mais tarde para compensar o tempo perdido durante a epidemia, shopping centers, restaurantes e hotéis fortemente dependentes de consumidores terão dificuldade em fazer o mesmo, acrescentou.
(Com a colaboração de Ling Zeng)