Economia

Violência questiona papel brasileiro de líder econômico, diz <i>WSJ</i>

Jornal americano destaca que onda de ataques fez país perceber que é preciso fortalecer instituições governamentais e distribuir melhor o investimento

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2010 às 17h17.

A onda de ataques atribuídos à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) repercutiu não só na vida dos habitantes de São Paulo mas também em jornais de todo o mundo. Nesta quarta-feira (17/5) foi a vez do americano The Wall Street Journal contar a história a seus leitores, em reportagem que mostra como o episódio provou aos brasileiros que ainda é preciso trabalhar para assumir uma liderança econômica internacional.

De acordo com o jornal, o Brasil fez grandes avanços desde que passou pela hiperinflação, na década de 80, aderindo a "políticas econômicas sólidas" e ganhando confiança para pleitear participação em organizações de comércio e no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, "a onda de violência sem precedentes, que já matou 115 pessoas, questionou a percepção do país de si mesmo como uma liderança econômica emergente", afirma a reportagem, e mostrou que o Brasil precisa se preocupar com o fortalecimento das instituições governamentais, especialmente da Justiça criminal.

"A idéia de que o Brasil é ao mesmo tempo corrupto e violento, quando sempre se viu como cordial e eficiente, prejudica a auto-avaliação do país", diz Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e na Argentina. Entrevistado pelo Wall Street Journal, Azambuja afirma que o movimento iniciado pelo PCC pode ser explicado, em parte, pela mudança profunda na sociedade brasileira, que passou de rural a urbana nas últimas três décadas.

Já há alguns anos, continua a reportagem, os governos brasileiros têm se focado na manutenção da estabilidade econômica por meio da elevação de impostos e cortes de gastos. Mas há quem diga que os esforços fizeram as administrações se esquecerem de outras prioridades, como investimentos em estradas, hospitais e segurança. "Os recursos destinados à segurança pública são retidos para que o governo possa ter um superávit no orçamento", diz o jurista Miguel Reale Jr. O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco também reclama da falta de dinheiro para áreas importantes. "Apesar de o governo celebrar o fato de ter feito o maior programa de transferência de renda da história, não há recursos para nada mais, nem para estradas, nem para prisões", afirma. Na opinião do economista, o governo deveria buscar parcerias com a iniciativa privada para investir em novas penitenciárias.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaissao-pauloViolência urbana

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto