Rodrigo Garcia, vice-governador de SP (direita) e Christopher Garman, diretor da Eurasia (esquerda) o moderador da palestra (Bruno Namorato/ SM2/Divulgação)
João Pedro Caleiro
Publicado em 23 de abril de 2019 às 12h38.
Última atualização em 23 de abril de 2019 às 18h13.
São Paulo - Rodrigo Garcia, vice-governador do estado de São Paulo, Secretário de Governo e ex-deputado federal pelo DEM, prevê o "caos" se a reforma da Previdência não valer automaticamente para estados e municípios.
“São Paulo e outros conseguiriam aprovar, mas não a maioria”, disse Garcia em palestra no evento Itaú Macro Vision realizado em São Paulo nesta terça-feira (23).
Ele diz que há deputados federais que resistem à este aspecto específico da reforma pois sabem que ela daria aos governadores mais margem para gastar, os fortalecendo politicamente na próxima eleição.
É por esta mesma razão, diz ele, que entre os governadores a situação é oposta: "quem não apoia a reforma publicamente apoia privadamente", citando especificamente aqueles do Nordeste.
Garcia considera o apoio dos governadores importante para aprovar a reforma, mas avalia que a sua influência sobre as bancadas parlamentares já foi maior no passado.
A questão de estados e municípios é relevante para o impacto da reforma pois estes entes estão, por alguns parâmetros, em situação fiscal ainda pior do que a União.
Além de não terem a alternativa de emitir dívida ou moeda para cobrir as suas contas, estados e municípios estão tendo que lidar com ondas de aposentadoria de servidores contratados em décadas passadas.
"O que pega estados é polícia e professor e o que pega município é saúde e educação", diz Garcia, notando que no estado de SP, 97% do Orçamento já está comprometido com despesas obrigatórias.
Tramitação
A reforma da Previdência passa nesta terça-feira (23) pelo seu maior teste até agora, a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A previsão é de vitória do governo, mas o atraso e as discussões sobre mudanças já na fase inicial preocupam analistas do mercado. Quando a reforma foi apresentada há dois meses, era previsto que a fase da CCJ poderia ser superada já em março.
Garcia disse no evento que é preciso foco total na reforma ("Congresso não pode dispersar, precisa ser samba de uma nota só") e destacou o amadurecimento do debate desde que a reforma do Temer foi proposta:
"A sociedade, sem saber muito bem porque, sente a necessidade da Reforma da Previdência para melhorar a sua vida", acredita.