São Paulo - A crise da escassez na Venezuela está atingindo um dos produtos mais queridos da população: a cerveja.
De acordo com a Federação Venezuelana de Licores (FVL), 7 das 24 regiões do país já estão com falta da bebida e a oferta pode cair dramaticamente em breve se nada mudar.
“No dia 3 de agosto desaparecerá 80% do fornecimento de cerveja e malte e isso significa a quebra do setor", de acordo com Fray Roa, porta-voz da instituição. Ele diz que isso colocaria em risco 400 mil empregos diretos e 1 milhão de empregos indiretos.
Como o preço das demais bebidas alcóolicas triplicou, a cerveja responde hoje por 70% das vendas dos produtores. A Venezuela tem o terceiro maior consumo de álcool per capita da América Latina, atrás de Chile e Argentina.
Os produtores de cerveja na Venezuela reclamam que não conseguem comprar no exterior cevada e malte, a matéria-prima, porque não tem disponíveis os dólares necessários.
Desde 2003, a Venezuela tem um rígido controle cambial e o governo limita o nível de divisas disponíveis para as empresas quitarem suas obrigações.
A dívida das cervejarias venezuelanas com seus fornecedores já ultrapassa 200 milhões de dólares, de acordo com estimativas não-oficiais.
O mercado negro é uma alternativa, mas as taxas de câmbio são no mínimo duas vezes maiores do que a oficial, o que o governo tenta abafar a qualquer custo.
Cenário
A falta de dólares para financiar as importações tem resultado em preços em disparada e filas quilométricas. Os supermercados estão com as prateleiras vazias de produtos básicos, como alimentos e papel sanitário (há hóteis que pedem para você trazer o seu) .
O índice de escassez parou de ser publicado oficialmente e especialistas falam há meses do risco de uma crise alimentar.
A qualidade de vida dos venezuelanos caiu durante o governo de Nicolas Maduro. Quando ele assumiu em abril de 2013, a inflação anual era de 20,1% e a pobreza estava em 25,1%. Dois anos depois, a inflação disparou para 68,5% e a pobreza atinge 32,1%.
Até a mania nacional do implante do seio foi afetada. Um pacote de camisinhas chega a sair por mais de 2 mil reais e um iPhone pode custar 145 mil reais. A situação se agravou com a queda do preço do petróleo, principal produto de exportação e fonte de recursos para o governo.
A cesta básica familiar na Venezuela aumentou 163,6% desde junho de 2014 e, com o custo atual, uma família necessita de quase oito salários mínimos para cobrir suas necessidades, de acordo com o Centro de Documentação e Análise para os Trabalhadores (Cendas).
Maduro se diz vítima de uma "guerra econômica" e responde com um controle ainda maior das vendas (as eleições parlamentares estão marcadas para dezembro).
Os venezuelanos tem recorrido às redes sociais para saber informações sobre fornecimento e promover uma espécie de escambo chamado de “trueque”.
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1. Tempos difíceis
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1/11 (Getty Images)
São Paulo - A desaceleração dos emergentes é um fato consumado e a projeção do
Banco Mundial para o
crescimento da economia global em 2015
não é exatamente brilhante: 2,8%. No entanto, há um grupo de países que não devem chegar nem perto deste número - neste ou nos próximos anos. É o caso do Brasil, que deve ter sua pior recessão em duas décadas, uma ressaca da euforia do passado somada com as consequências de políticas desastradas do primeiro mandato de Dilma e fatores como a
Operação Lava Jato. A Ucrânia é vítima da hostilidade da Rússia, que sucumbe diante de sanções e da queda do preço do petróleo, levando junto a vizinha Bielorússia para o fundo do poço. O petróleo em queda, aliás, ajuda a explicar a situação do Iêmen e na Venezuela, também afetados por guerra civil e políticas erráticas, respectivamente. Veja a seguir as 9 economias que tem as piores perspectivas para este e os próximos 2 anos de acordo com o último relatório do Banco Mundial:
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2. Iêmen
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2/11 (Paul Hilton/Bloomberg)
O
Iêmen nunca teve uma economia dinâmica e sofre com alto desemprego, explosão populacional e falta de água e produtos. A situação ficou ainda pior com a queda do preço do petróleo e a escalada dos conflitos políticos em uma guerra civil.
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3. Croácia
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3/11 (Divulgação / Trivago / Tambako The Jaguar – Flickr)
A
Croácia é, junto com a Grécia, o único país europeu que viu sua economia encolher
todos os anos desde 2008. Em fevereiro, o governo
cancelou a dívida dos cidadãos mais pobres para estimular a demanda doméstica, mas as projeções de crescimento continuam modestas.
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4. Brasil
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4/11 (HEUDES REGIS/ Guia Quatro Rodas)
O
crescimento está diminuindo de forma generalizada nos emergentes e na América Latina, mas o processo começou antes e foi mais forte no Brasil. Depois de ficar parada em 2014, a
economia brasileira deve sofrer neste ano a pior recessão em 20 anos, com recuperação tímida esperada para 2016 e 2017. O governo brasileiro vem tentando mostrar ao mercado que mudou de rumo após as políticas dos últimos anos que levaram a aumento da dívida, piora nas contas públicas e inflação próxima do teto da meta.
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5. Sérvia
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5/11 (Getty Images)
Assim como o Brasil, a Sérvia está em um processo de consolidação fiscal após fechar um acordo com o FMI em fevereiro. A dívida pública em relação ao PIB dobrou entre 2008 e 2014, e o país tem tropeçado diante de corrupção, uma população envelhecida e alto desemprego.
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6. Rússia
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6/11 (Thinkstock/Sergei Butorin)
O tombo é generalizado entre os emergentes após a euforia da década passada, mas o caso da
Rússia é agravado pela dependência do petróleo (cujo preço despencou nos últimos meses) e pelas sanções dos países ocidentais após a anexação da Crimeia.
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7. Santa Lúcia
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7/11 (WikimediaCommons)
Esta pequena ilha do
Caribe tem apenas 160 mil habitantes e um PIB de US$ 1,8 bilhão altamente dependente do turismo, uma das indústrias que nunca se recuperaram totalmente desde a crise financeira de 2008.
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8. Bielorússia
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8/11 (SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images)
É só olhar para o nome: a Bielorússia é altamente integrada com a Rússia, e sua economia e moeda tem seguido a trajetória (declinante) dos seus vizinhos russos nos últimos anos - o que deve continuar.
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9. Venezuela
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9/11 (Reuters)
A queda brutal do preço do petróleo foi como uma bomba para a economia da
Venezuela, altamente dependente do produto para sua receita e exportações. E isso porque o país já estava sofrendo com instabilidade política, desabastecimento e uma das maiores inflações do mundo.
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10. Ucrânia
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10/11 (Podluzhnaya/WikimediaCommons)
A
Ucrânia já tinha uma economia vulnerável e altos níveis de corrupção quando começou a se desestabilizar politicamente. Depois, viu a Crimeia ser anexada e tem que lidar até hoje com a ameaça constante da Rússia e de rebeldes no leste. O resultado: recessão de 6,8% em 2014 e uma perspectiva de recuperação lenta, e isso se nada mais der errado.
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11/11 (Jose Cendon/Bloomberg News)