Sede do Mercosul: Venezuela entra no bloco econômico (Marlos Bakker/Viagem e Turismo)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2012 às 13h33.
Brasília - Os presidentes de Brasil, Argentina e Uruguai formalizarão nesta terça-feira em Brasília a entrada da Venezuela no Mercosul como membro pleno, uma medida que aprovada sem respaldo do Paraguai, suspenso do bloco após o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo.
A argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José Mujica e o venezuelano Hugo Chávez já confirmaram presença na cerimônia que será realizada amanhã em Brasília, e devem chegar à capital federal ainda nesta segunda-feira. Segundo fontes oficiais, os governantes deverão ter uma reunião fechada com a presidente Dilma Rousseff antes do ato formal, um ato que também deve contar com os chanceleres dos quatro países.
A entrada da Venezuela foi aprovada em 2006 pelos sócios membros do Mercosul e referendada nos anos seguintes pelos parlamentos de Brasil, Argentina e Uruguai. No entanto, essa aprovação não pôde ser confirmada até o momento pela falta de ratificação do Congresso paraguaio.
Com o impeachment de Fernando Lugo da presidência do Paraguai no final de junho, um polêmico acordo político foi feito na cúpula semestral que o bloco realizou sete dias depois, na cidade argentina de Mendoza. Naquele encontro, que não contou com a participação do sucessor de Lugo, Federico Franco, o Paraguai foi suspenso do bloco e, por isso, a entrada da Venezuela no Mercosul acabou sendo aprovada pelos presidentes dos outros três países.
A forma como esse acordo foi fechado gerou controvérsias que foram ainda mais profundas no Uruguai, onde o vice-presidente, Danilo Astori, criticou publicamente a decisão.
Segundo Astori, o lado político se sobressaiu sobre o jurídico em Mendoza, sendo que o respaldo à entrada da Venezuela sem a ratificação do congresso paraguaio foi 'talvez a maior ferida sofrida pelo Mercosul em 21 anos'.
Entre os empresários dos três países que aprovaram a adesão, a posição da Venezuela como novo membro pleno do Mercosul gerou, ao mesmo tempo, esperanças de bons negócios e também muitas dúvidas.
Os prazos para a adaptação da Venezuela às normas do Mercosul e sua Tarifa Externa Comum - que varia entre 0 e 20% -, começarão a ser analisadas hoje pelos chanceleres.
'Resta saber se isso será rápido, levará anos ou se será cumprido', declarou na última semana o presidente do Conselho Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Rubens Barbosa, que considerou que se o processo for breve, haverá benefícios 'para todos'.
Com intenção de agilizar esse processo, técnicos do Brasil visitaram Caracas na última semana e, segundo Chávez, identificaram 230 códigos de produtos que a Venezuela poderia comercializar no âmbito do Mercosul.
Além disso, Chávez disse que criará um 'fundo estratégico de milhões de dólares' para apoiar as empresas venezuelanas com perfil exportador, e se mostrou aberto a facilitar investimentos dos setores privados do Mercosul.
As dúvidas também pairam sobre o futuro das negociações de novos acordos comerciais do Mercosul com outros blocos e países.
'A Venezuela tem uma visão limitada do mundo e pode dificultar novos acordos', disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto Castro, que ressaltou que 'será ainda mais difícil conseguir um consenso entre cinco países', assim que o Paraguai for reincorporado.
Nesse sentido, um dos acordos que a Venezuela deverá assumir a partir de amanhã será um de livre-comércio que o Mercosul tem com Israel, país com o qual o governo de Chávez rompeu relações diplomáticas em 2009.
A Cúpula extraordinária que o Mercosul realizará amanhã será para Chávez - que está em plena campanha eleitoral - a primeira desde que foi diagnosticado com um agressivo câncer na região pélvica, do qual diz estar totalmente curado. EFE