Maduro disse que "chegou o momento" de aumentar o peço da gasolina, cujo custeio consome cerca de 12,5 bilhões de dólares por ano em subsídios (Miraflores Palace/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 07h53.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que vai aumentar este ano o preço da gasolina e reorganizar o sistema de taxas de câmbio, em busca de fortalecer as receitas cada vez menores do país, afetadas pela queda acentuada no valor do petróleo.
Em seu pronunciamento anual à Assembleia Legislativa, Maduro disse, na quarta-feira à noite, que "chegou o momento" de aumentar o peço da gasolina, a mais barata do mundo, cujo custeio consome cerca de 12,5 bilhões de dólares por ano em subsídios.
A Venezuela está enfrentando uma crise econômica, com o país em recessão e níveis de preços próximos da hiperinflação, em meio à queda, nos últimos quatro meses, de mais de 50 por cento nos preços internacionais do petróleo, a maior fonte de divisas do país.
"É claro que a receita faz falta..., o que eu estou dizendo é que não há desespero", disse Maduro, sob aplausos do Congresso. "Será feito este ano, sem pressa, mas será feito.” O presidente já havia rejeitado várias vezes a ideia de aumentar o preço da gasolina por ser uma questão muito sensível para os venezuelanos, que ainda têm fresco na memória o chamado “Caracazo”, os protestos violentos no início de 1989, desencadeados pelo anúncio de um pacote de reformas econômicas.
Na Venezuela, é possível encher o tanque de 60 litros de um modelo sedan por menos de um dólar, enquanto em países como o Uruguai isso pode custar até 114 dólares.
Durante o discurso, Maduro também disse que vai manter três taxas de câmbio, como parte do controle que o governo estabelece sobre a moeda em um país que importa quase tudo que consome.
Mecanismo de transição
A crise acentuada pela queda dos preços do petróleo afetou os cofres do governo venezuelano, deixando menos dólares disponíveis para gastar em importações e, em consequência, esvaziando as prateleiras de mercearias e supermercados.
Todos os dias milhares de venezuelanos têm de formar longas filas para encontrar itens básicos, um fenômeno que corroeu a popularidade de Maduro desde que tomou posse em 2013.
Com essa situação, o medo de que o país possa entrar em default cresceu nos mercados, embora Maduro diga que o país vai honrar seus compromissos.
Os economistas sugeriram que o governo adote medidas impopulares, mas necessárias, para melhorar o fluxo de caixa, como a unificação das três taxas de câmbio.
Mas o presidente disse na quarta-feira que será mantida a taxa mais alta de 6,3 bolívares por dólar para as importações de alimentos e medicamentos, e que as taxas atuais de 12 e 52 bolívares por dólar serão unificadas. Ele não especificou quando ou como será o novo mecanismo.