Economia

Vendas no varejo têm pior resultado em 15 anos

No ano passado, as vendas varejistas recuaram 6,2 por cento sobre 2015, quando o setor terminou com queda de 4,3 por cento

Supermercado: setor de varejo do país vem enfrentando anos de recessão e confiança abalada (./Reprodução)

Supermercado: setor de varejo do país vem enfrentando anos de recessão e confiança abalada (./Reprodução)

R

Reuters

Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 10h15.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2017 às 10h48.

São Paulo / Rio de Janeiro - O varejo do Brasil fechou 2016 com recorde de perdas diante de quedas acentuadas e generalizadas das vendas, com destaque para supermercados, movimento marcado por demanda fraca e recessão econômica que não deve apresentar recuperação em breve.

No ano passado, as vendas varejistas recuaram 6,2 por cento sobre 2015, quando o setor terminou com queda de 4,3 por cento.

É o pior resultado da série histórica iniciada em 2001, marcando dois anos seguidos de perdas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

O setor de varejo do país vem enfrentando anos de recessão e confiança abalada, com o desemprego em alta afetando com força a demanda.

Só em dezembro, a atividade apresentou recuo de 2,1 por cento sobre novembro, pior resultado desde janeiro, com queda de 4,9 por cento ante o mesmo mês do ano anterior.

"Sobre 2017, podemos dizer que o cenário doméstico melhorou em parte pela inflação que já começou a ceder e os juros que estão diminuindo, mas o mercado de trabalho, que tem um peso relevante para a demanda, continua fragilizado", destacou aeconomista do IBGE Isabella Nunes.

Pesquisa da Reuters apontava expectativa de recuo de 1,95 por cento das vendas do varejo na comparação mensal e de 4,50 por cento sobre um ano antes.

Supermercados

Em 2016, as oito atividades que compõem o varejo restrito apresentaram recuo, sendo que seis tiveram as quedas mais fortes de suas séries históricas.

O maior peso veio das vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que recuaram 3,1 por cento em 2016 após queda de 3,0 por cento em dezembro, diante da perda da renda real e do aumento de preços dos alimentos em domicílio, de acordo com o IBGE.

"O consumo e o comércio foram impactados ao longo de 2016 por fatores que inibem o consumo, como pressão inflacionária, aumento dos juros e enfraquecimento do mercado de trabalho ao longo do ano", completou Isabella.

A atividade de Móveis e eletrodomésticos apresentou recuo em 2016 de 12,6 por cento, enquanto as vendas de Outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 9,5 por cento.

O IBGE informou ainda que o volume de vendas no varejo ampliado --que inclui veículos e material de construção-- caiu 8,7 por cento em 2016, também a mais forte perda na série histórica.

Esse resultado reflete principalmente a queda de 14 por cento nas vendas de Veículos, motos, partes e peças diante da diminuição do ritmo de financiamentos, taxa de juros alta erestrição no orçamento das famílias.

Com a demanda fragilizada, a inflação vem mostrando descompressão neste início de ano, mas isso pode não ser suficiente ainda para impulsionar o varejo diante do alto nível de desemprego.

Por outro lado, a confiança, considerada essencial para a melhora da economia, mostra sinais de melhora. A confiança do consumidor apurada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu em dezembro diante do avanço das expectativas.

Acompanhe tudo sobre:Comércioeconomia-brasileiraVarejoVendas

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto