(Lucas Landau/Reuters)
André Martins
Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 09h53.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 10h15.
As vendas do comércio varejista brasileiro recuaram 6,1 por cento em dezembro na comparação com o mês anterior e subiram 1,2 por cento na comparação com o ano anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Foi a quarta alta anual consecutiva do setor, mas o desempenho mais fraco dos últimos 4 anos. O comércio varejista apresentou números positivos no acumulado anual de 2,1% em 2017; 2,3% em 2018; 1,8% em 2019; e 1,2% em 2020.
O balanço positivo nas vendas do comércio varejista no acumulado de 2020 veio após um primeiro semestre de queda de -3,2% e um segundo semestre de alta de 5,1%.
Com esses resultados, o varejo terminou o ano no mesmo patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. Depois de fortes quedas em março e abril, o setor varejista registrou crescimento de maio até outubro, ultrapassando o patamar pré-pandemia, mas voltou a contrair nos últimos dois meses do ano.
O resultado de dezembro é o segundo recuo mensal consecutivo e o pior para um mês de dezembro de toda a série histórica, iniciada em 2000. Já comparado a dezembro de 2019, as vendas do varejo tiveram aumento de 1,2%, sexta taxa positiva consecutiva.
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 3,7% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com dezembro de 2019, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 2,6% em dezembro de 2020. As vendas do comércio varejista ampliado acumularam queda de 1,5% no ano de 2020, após 3 anos consecutivos de altas.
"Zeramos a conta. Estávamos 6,5% acima do patamar pré-crise, e agora zeramos", explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. "A queda em dezembro é um reposicionamento natural, já que o patamar estava muito alto com os resultados de outubro e novembro."
O IBGE mostrou que em 2020 cinco das dez atividades do comércio varejista, contando com varejo ampliado, tiveram alta. Os destaques foram material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%).
Já em dezembro, todas as dez atividades fecharam com queda frente a novembro. As vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 13,8%, enquanto as de tecidos, vestuário e calçados recuaram 13,3%.
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que respondem por quase metade do resultado total da pesquisa do varejo, apresentaram queda de 0,3% nas vendas do mês, em resultado influenciado pela inflação de alimentos.
As vendas varejistas foram alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus, após atingirem queda histórica em abril (-17,2) diante das medidas restritivas adotadas para reduzir a disseminação do vírus.
No final do ano, a atividade sofreu com o aumento da inflação, e a recuperação agora passa ainda por uma retomada do trabalho, que enfrenta dificuldades.
Com informações do Estadão Conteúdo e Reuters