Economia

Vendas no varejo brasileiro caem 0,8% em maio, diz IBGE

Queda ocorreu ante elevação de 8,2% em relação a igual mês de 2011

Informação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Informação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2012 às 10h07.

Rio de Janeiro - As vendas no varejo brasileiro surpreenderam em maio ao recuar 0,8 por cento frente a abril, a maior queda desde novembro de 2008 (-1,3 por cento), indicando que a economia brasileira continua patinando. Comparado com um ano antes, as vendas cresceram 8,2 por cento em maio, abaixo do esperado pelo mercado.

Analistas ouvidos pela Reuters previam que as vendas cresceriam 0,6 por cento em maio sobre abril e 10,50 por cento sobre um ano antes. As contas mensais variaram de queda de 0,30 por cento e alta de 1 por cento, enquanto que as anuais, de expansão de 8,80 a 11,20 por cento.

Segundo o IBGE, três das oito atividades pesquisadas tiveram resultados negativos na comparação mensal. O principal destaque foi o segmento de móveis e eletrodomésticos, com queda de 3,1 por cento em maio, depois de ter expandido 1,5 por cento em abril. Sobre um ano antes, houve alta de 9,3 por cento em maio e, segundo o IBGE, "reflete a política de incentivo do governo ao consumo através da redução de alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a chamada linha branca, além da manutenção do crédito, da estabilidade do emprego e do crescimento da renda".

Em maio, também houve retração nas vendas nos segmentos de combustíveis e lubrificantes (-0,8 por cento) e de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,2 por cento).

Na ponta oposta, houve crescimento em maio sobre abril nas atividades de equipamento e material para escritório, informática e comunicação (+3,5 por cento), de livros, jornais, revistas e papelaria (1,6 por cento), entre outros.

O segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou alta de 0,1 por cento nas vendas em maio, depois da retração de 0,7 por cento vista em abril. Somente hipermercados e supermercados, no entanto, continuaram mostrando queda nas vendas, apesar de em menor ritmo, passando de -0,7 para -0,2 por cento no período.

Na comparação anual, ainda segundo o IBGE, boa parte das atividades mostraram desaceleração no crescimento em maio, com destaque para equipamentos para escritório e informática, que passaram de 33,2 por cento em abril para 17,3 por cento em maio. Móveis e eletrodomésticos registraram alta nas vendas de 9,3 por cento em maio, antes 12,5 por cento em abril.

O IBGE revisou ainda os dados das vendas de abril sobre março, passando de alta de 0,8 para 0,7 por cento.

Esse resultado reforça ainda mais a perspectiva de novos cortes na taxa básica de juros, atualmente na mínima histórica de 8,50 por cento, pelo Banco Central como forma de incentivar a atividade.


"Levando em conta os últimos dados disponíveis, o BC terá que ser ousado e jogar a Selic para além do que o mercado acredita como razoável, caso contrário a autoridade monetária só estará perdendo tempo", avaliou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, para quem a taxa básica de juros pode ir a 7 por cento neste ano.

O Banco Central já reduziu a Selic em 4 pontos percentuais desde agosto passado, e a expectativa é de mais um corte de 0,50 ponto percentual na reunião desta quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom). No final do ano o mercado vê a Selic em 7,50 por cento.

O resultado no comércio varejista é um importante indicador da atividade econômica no país, que ainda encontra dificuldades em mostrar recuperação por conta, sobretudo, da atividade industrial. Por isso, os setores varejistas e de serviços vinham evitando mais tropeços da economia, sustentados por uma demanda interna ainda aquecida por causa do aumento da renda e do emprego.

O governo vem adotando nos últimos meses uma série de medidas para incentivar a atividade no Brasil, que vão de benefícios fiscais a indústrias e consumidores a aumento das compras federais.

A preocupação aumentou depois que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu no primeiro trimestre apenas 0,2 por cento na comparação com os últimos três meses de 2011. A indústria é o setor que mais vem encontrando dificuldade em se recuperar sendo que, em maio, a produção do setor caiu 0,9 por cento.

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