Natal: entidades avaliam que os dados positivos são reflexo da recuperação da renda dos consumidores (foto/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 07h18.
São Paulo - As vendas do Natal tiveram o maior crescimento desde 2010, revertendo três anos consecutivos de retração. De acordo com dados do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, houve aumento de 5,6% nas vendas na semana entre 18 e 24 deste mês em relação a igual período de 2016. Nos shopping centers, a alta foi de 6%. O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registraram aumento de 4,72% nas consultas para vendas a prazo na semana anterior ao Natal.
As entidades avaliam que os dados positivos são reflexo da recuperação da renda dos consumidores, do recuo da inflação, da queda gradual do desemprego, retomada da confiança, queda dos juros, assim como das liberações das contas inativas do FGTS e do saque do PIS/Pasep.
"Foram resultados muito bons, que confirmam nossa expectativa de aumento de 3% a 5% nas vendas do ano todo na comparação com 2016", diz Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo. "Mas é bom ressaltar também que a base anterior de comparação era fraca." Para 2018 ele aposta em alta ainda maior.O resultado positivo mostra porque o consumo foi considerado o motor da recuperação econômica este ano, com o reforço importante da liberação das contas inativas do FGTS e, com impacto menor, da redução da idade para liberação do PIS/Pasep.
Na avaliação de João Morais, economista da Tendências Consultoria Integrada, o consumo também deve continuar a crescer em 2018. Segundo ele, apesar da ajuda pontual do FGTS inativo, o principal fator para a retomada foi a melhora nos níveis de emprego e renda da população. "A inflação e a volta do crédito também ajudaram bastante neste semestre."Morais acredita que em 2018 o consumo continuará tendo peso relevante no Produto Interno Bruto (PIB). Mas, ao contrário deste ano, não estará isolado, pois também haverá uma recuperação de investimentos.
O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, também avaliou que a recuperação do comércio é consequência da melhora da economia. "O acesso ao crédito mais difícil e os juros elevados ainda limitam o poder de compra, mas com a economia dando sinais de retomada os consumidores foram às compras de forma menos tímida que nos últimos anos". Mas diz que, embora o crescimento pareça forte, ainda está longe dos resultados dos anos anteriores à crise.
Liquidação. Nos shopping centers, as vendas cresceram 6%, movimentando R$ 51,2 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). O dado vem de cerca de 150 empresas de varejo associadas à entidade. "Tivemos um faturamento importante, pois vínhamos de dois natais em queda", disse o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun. No acumulado do ano há um avanço nos negócios de 5,3%, somando receita de R$ 147,5 bilhões.
Nesta terça-feira, 26, o movimento ainda era grande em vários shoppings de São Paulo, parte para troca de mercadorias, mas também para aproveitar as liquidações que já começaram. O Shopping Eldorado, que recebeu cerca de 740 mil consumidores entre os dias 16 e 24, era um dos que estavam com corredores cheios nesta terça-feira. O grupo inicia no dia 3 uma liquidação em todas as lojas, mas várias delas se anteciparam.
Na Forever 21, desde esta terça-feira todas as peças da rede estão com descontos de 50%, porcentual que a Adidas também oferece para parte de seus produtos. Na Zara, os descontos variam de 20% a 30%, mas até o fim de janeiro haverá mercadorias pela metade do preço. A Artex, especializada em cama, mesa e banho, abate 20% do preço de toda a linha até o dia 15. "Neste mês, até agora, as vendas cresceram 10% em relação ao ano passado", diz o gerente Fábio Santos. O Carrefour começa nesta quarta-feira, 27, a tradicional campanha Liquida Geral, que vai até o dia 8. Há promoções em diversas categorias, especialmente eletroeletrônicos e têxtil. No Ponto Frio e nas Casas Bahia, as promoções ocorrem até dia 31. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.