Economia

Vendas de carros podem ganhar impulso com compartilhamento

A inovação tecnológica na indústria automotiva promete ser um divisor de águas para quem vai ao trabalho de carro e para as fabricantes de veículos


	Concessionária: mudança em direção a uma mobilidade sob demanda, compartilhada e possivelmente autônoma que já está em curso resolve um problema evidente dos motoristas
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Concessionária: mudança em direção a uma mobilidade sob demanda, compartilhada e possivelmente autônoma que já está em curso resolve um problema evidente dos motoristas (.)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2016 às 22h27.

A inovação tecnológica na indústria automotiva, do advento do Uber até um futuro com veículos autônomos, promete ser um divisor de águas para quem vai ao trabalho de carro e para as fabricantes de veículos.

Essa mudança em direção a uma mobilidade sob demanda, compartilhada e possivelmente autônoma que já está em curso resolve um problema evidente dos motoristas: os veículos têm um custo inicial alto ao serem comprados e perdem valor rapidamente, mas não são necessariamente muito utilizados.

Mas, segundo analistas do Deutsche Bank, existe uma série de equívocos em relação a como a revolução on-demand afetará as fabricantes de veículos -- principalmente em relação ao seu impacto nos volumes de vendas.

“A visão de consenso é de que as vendas de automóveis cairão e que isso será negativo para as fabricantes de equipamentos originais dos EUA”, escreve a equipe do Deutsche Bank liderada por Rod Lache. “Nós acreditamos que a visão de consenso possa estar errada”.

Contudo, os analistas reconhecem que a proliferação de veículos sob demanda poderia acabar reduzindo o número de carros nas ruas dos EUA em mais de 25 milhões, com a densidade populacional servindo como determinante para o tamanho da frota sob demanda.

“A mobilidade sob demanda provavelmente será prática e financeiramente atrativa nos distritos mais densos que respondem por [cerca de] 31 por cento (em média) do total de famílias nas áreas estatísticas metropolitanas que estudamos (13,2 milhões de famílias, donas de 15,5 milhões de veículos no total)”, escreve a equipe. “Dentro desses subsegmentos, até 61 por cento das famílias (donas de 8 milhões dos 15 milhões de veículos) poderão achar financeiramente atrativo optar pelos serviços de mobilidade com veículos autônomos sob demanda”.

Mas essa redução do número de veículos nas ruas coincidirá com um ciclo de vida muito mais curto para os carros, porque eles serão utilizados muito mais, em média, do que agora. A expectativa de vida de um veículo sob demanda deverá ser de apenas três anos; essa rotatividade maior de uma frota menor faria os volumes de vendas subirem, segundo analistas.

“As vendas nos EUA aumentam em todos os cenários que examinamos porque o sucateamento do veículo é determinado pelos quilômetros rodados”, concluem. “Cada veículo sob demanda viajará mais quilômetros (10 a 20 por cento a mais) do que o conjunto de seis a nove veículos particulares que ele substitui”.

Esse aumento na quilometragem agregada é atribuído principalmente às “viagens vazias” -- isto é, à distância que os veículos sob demanda viajariam para ir de um passageiro a outro. Os analistas pontuam, por exemplo, que os motoristas do uberX trafegam sem passageiros a metade dos quilômetros percorridos em Nova York.

Mas se as coisas saírem como o Deutsche Bank espera, a indústria automotiva também se tornará menos cíclica, porque serão os quilômetros viajados, e não o estado da economia e as condições de crédito, que impulsionarão os volumes de vendas.

Além disso, o custo de deflação no fornecimento de serviços sob demanda também poderia colocar pressão nos quilômetros viajados devido à sensibilidade dos consumidores em relação aos preços.

“A discussão sobre os custos mencionada antes não funciona com base no fato de que o custo dos serviços de mobilidade sob demanda continua caindo rapidamente”, escrevem os analistas. “Os custos deveriam continuar caindo à medida que se ganha eficiência e que as fornecedoras usam tecnologia da informação para criar novos produtos”.

Considere a experiência inicial dos aplicativos de carona sob demanda: apesar de certamente terem ficado com receitas que teriam se revertido para os táxis no passado, eles também conseguiram aumentar o tamanho da torta incentivando as pessoas a usarem o serviço quando poderiam ter caminhado ou usado transporte público. Dois fatores explicam isso: primeiro, garantir um veículo on-demand pelo smartphone é normalmente muito mais conveniente e confiável do que parar um táxi na rua; segundo, os consumidores ganharam uma nova opção que é mais barata do que um táxi.

No futuro otimista imaginado pelo Deutsche Bank, a revolução dos veículos sob demanda reduz os custos para quem vai de carro ao trabalho e é positiva para o desempenho financeiro das fabricantes de veículos. É possível? Talvez não. Mas certamente é uma ideia menos louca do que a dos carros autônomos há apenas uma década.

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