Já para 2012, a entidade projeta uma retomada do ritmo de crescimento, com expectativa de aumento nominal entre 9% e 11% (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2011 às 13h54.
São Paulo - O faturamento da indústria de materiais de construção deve crescer menos que a metade do inicialmente previsto pela entidade que representa o setor, Abramat, este ano, chegando a um aumento de 4 por cento ante 2010.
Nesta terça-feira, a Abramat reduziu, pela terceira vez este ano, a estimativa de crescimento das vendas de materiais no fechado de 2011. A entidade iniciou o ano com previsão de alta de 9 por cento para as vendas do setor, diminuindo a meta para 7 por cento, e depois para 5 por cento.
No acumulado de 2011 até setembro, as vendas do setor estão 2,2 por cento superiores em relação ao ano passado, quando o faturamento cresceu 12,14 por cento.
A desaceleração, segundo o presidente da Abramat, Walter Cover, pode ser atribuída a uma combinação de fatores, com destaque para as medidas adotadas pelo governo desde o final de 2010 para conter a inflação. Ele citou ainda fatores cambiais e os elevados custos, principalmente de mão de obra, que pressionaram o setor.
"A indústria manteve o otimismo quanto a investimentos em expansão, se preparando para uma demanda que não veio", disse Cover, acrescentando que a alta base de comparação anual também pesou contra o setor.
Nesse sentido, a Abramat prevê que as vendas cresçam 4 por cento sobre 2010, em termos reais, sendo que as vendas de materiais de acabamento devem aumentar entre 8 e 9 por cento e as de itens básicos, até 1 por cento.
Já para 2012, a entidade projeta uma retomada do ritmo de crescimento, com expectativa de aumento nominal (sem descontar a inflação) entre 9 e 11 por cento. Este ano, o aumento nominal deve ser de cerca de 8 por cento.
"A base de crescimento de 2011 é baixa, permitindo crescimento acima do PIB (Produto Interno Bruto brasileiro)", afirmou Cover.
Ele apontou entre os fatores positivos para o próximo ano a realização de eleições municipais, "com fortes contratações (de obras) até março", os projetos do programa "Minha Casa, Minha Vida", as obras relacionadas à Copa do Mundo e às Olimpíadas, além do elevado nível de emprego e renda da população, "indicador fundamental para o varejo de materiais".
Déficit comercial
Um dos aspectos críticos apresentados pela Abramat em relação ao desempenho do setor em 2011 foi o elevado déficit da balança comercial da indústria que, até setembro, somou 1,5 bilhão de dólares, podendo alcançar 2 bilhões de dólares no fechado do ano.
Em 2010, o déficit comercial do setor foi de 1,6 bilhão de dólares. Segundo Cover, a previsão é de que as importações de materiais somem 7 bilhões de dólares este ano, equivalentes a mais de 10 por cento das vendas da indústria.
"O setor continua crescendo, mas a preocupação com importações vem se traduzindo em números", disse a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo. "O varejo vem crescendo em ritmo mais forte que a indústria".
Até agosto, o volume produzido pela indústria de materiais acumula alta anual de 4 por cento, enquanto o volume de vendas no varejo é 12,5 por cento superior, exigindo um aumento das importações para atender a demanda.
A Abramat apresentou nesta terça-feira, em parceria com a FGV, estudo que revelou que a cadeia produtiva da construção representou 8,1 por cento do PIB brasileiro em 2010.