Coreia do Sul: o país recebeu notas altas em todo o mundo (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 20h30.
No mundo das ideias, a Coreia do Sul é rainha.
Alemanha, Suécia, Japão e Suíça completam a lista dos cinco países que encabeçam o Bloomberg Innovation Index de 2016, que classificou as economias usando fatores como os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a concentração de empresas de alta tecnologia negociadas em bolsa.
A Coreia do Sul recebeu notas altas em todo o mundo pela fabricação de valor agregado e pela eficiência terciária – uma medida que inclui matrículas no ensino superior e a concentração de formados nas áreas de ciências e engenharia.
Embora tenha ficado em 39º lugar em produtividade, uma classificação que pode parecer medíocre, o país ficou em segundo lugar quanto à intensidade de pesquisa e desenvolvimento, à densidade de alta tecnologia e à atividade de patentes, e em sexto lugar pela concentração de pesquisadores.
O primeiro lugar é condizente com um país que investe muito dinheiro no desenvolvimento de novas tecnologias e produz uma boa parcela dos engenheiros do mundo. No entanto, a discussão na Coreia do Sul se concentra mais em como o país pode obter um retorno maior pelos investimentos em inovação, de acordo com Marcus Noland, diretor de estudos do Peterson Institute for International Economics, em Washington, com foco nas Coreias do Norte e do Sul.
Ideias novas no Vale do Silício podem se traduzir em uma empresa startup em desenvolvimento, que contribui para o crescimento da economia dos EUA, mas a apresentação dessas ideias geralmente não extrapola o ambiente de trabalho na Coreia do Sul, disse ele. “Se você é um cientista ou engenheiro da Samsung Electronics e tem uma ideia nova e brilhante, você não pede demissão, começa a apresentar suas ideias para capitalistas de risco e monta sua própria empresa – você fala com a diretoria dentro da Samsung”.
Os sul-coreanos também são conscientes dos fatores institucionais que podem estar restringindo o quanto eles aproveitam o comportamento inovador, disse Noland.
“A ênfase no fato de que os salários são definidos pela estabilidade e pela experiência, junto com a falta de mobilidade na estrutura de aposentadoria, implica que não há muita movimentação de pessoas entre empresas ou entre setores”, disse ele. “Dentro da Coreia do Sul, considera-se que isso os prejudica, especialmente nessa área inovadora – há menos trocas”.
A vantagem de quase seis pontos da Coreia do Sul em relação à Alemanha, segunda colocada – e o fato de estar à frente do Japão (4º lugar) e da China (21º lugar), seus vizinhos – também poderia minimizar o grau de concorrência econômica sentido pelas pessoas do país do sudeste asiático. A Coreia do Sul está “espremida entre a China, de salários baixos, por um lado, e pelo Japão, mais avançado tecnologicamente, por outro, então existe uma sensação de ansiedade, ou certo grau de urgência, para manter esse desempenho”, disse Noland.
Muitos dos riscos que envolvem outros países além da Coreia do Sul – crescimento lento, aumento da desigualdade, menos trabalhos de tempo integral – geraram “ansiedade” em relação à economia tanto entre autoridades políticas quanto entre consumidores, mesmo na região mais inovadora do mundo.
Mais recentemente, a turbulência dos mercados chineses abalou a Coreia do Sul e na semana passada as autoridades do banco central rebaixaram as previsões de crescimento econômico. O PIB crescerá a um ritmo de 3 por cento em 2016, em contraste com a estimativa de 3,2 por cento em outubro, projeta o banco central. A previsão de crescimento em 2015 foi reduzida de 2,7 por cento para 2,6 por cento.
Ao mesmo tempo, ficar em qualquer posição entre os 50 primeiros colocados da lista deveria ser um motivo de comemoração para um país, pois poderia significar um impulso ao crescimento no futuro.
“Se um país é realmente inovador, mantendo-se todos os outros fatores, haverá uma tendência de maior aumento da produtividade, e isso caminha de mãos dadas com a elevação do padrão de vida com o tempo”, disse Jay Bryson, economista mundial da Wells Fargo Securities em Charlotte, na Carolina do Norte. “O bolo cresce para todos”.