Mala de dinheiro (moodboard/Thinkstock)
João Pedro Caleiro
Publicado em 30 de julho de 2016 às 07h00.
São Paulo - Quanto dinheiro as grandes empresas têm em paraísos fiscais e quanto seria arrecadado se elas pagassem os impostos que devem?
A resposta para essas perguntas está em uma calculadora criada pelo site de custos HowMuch.net e destacada pelo Visual Capitalist.
Ela mostra as 30 companhias que fazem parte do Fortune 500 e tem mais valor registrado em suas subsidiárias em paraísos fiscais.
Ela também calcula quanto essas empresas pagariam em impostos corporativos se registrassem tudo dentro dos Estados Unidos, onde a taxação se aproxima de 40%.
Você também pode escolher diferentes departamentos do governo americano para saber quanto do seu orçamento poderia ser coberta por um ano com esses recursos.
Alguns exemplos: se a Apple pagasse todo o imposto previsto, poderia cobrir o orçamento do Departamento de Justiça por um ano.
No caso da Pfizer, o valor devido é equivalente a 4 vezes o gasto anual do Departamento de Energia. Os dados são da Casa Branca e da Citizens for Tax Justice.
Segundo a ONG, as empresas da Fortune 500 tem US$ 2,1 trilhões em lucros acumulados nessas localidades, um número que dobrou entre 2008 e 2014. As 30 maiores, listadas na ferramenta, são responsáveis por 62% do total.
"No caso de empresas que querem evitar impostos, geralmente há vários paraísos fiscais envolvidos, o que permite a elas se beneficiarem das inconsistências nos tratados de taxação dupla ou nas definições de lucro e residência nos diferentes países", diz Gabriel Zucman, autor de um livro recente sobre o tema, em entrevista para EXAME.com.
Ele estima que 8% da riqueza financeira do mundo esteja em paraísos fiscais, o equivalente a US$ 7,6 trilhões. Estes refúgios foram alvos de vazamentos grandes nos últimos anos, como os Panama Papers e o Swiss Leaks.
Em uma carta pública divulgada recentemente, mais de 300 economistas de 30 países afirmam que os paraísos fiscais "não servem a nenhum propósito econômico útil".
Há duas semanas, a Irlanda divulgou uma taxa de crescimento de 26% em 2015, mas o número foi inflado por causa de práticas de inversão corporativa.
Várias empresas estão transferindo sua sede fiscal para a Irlanda porque lá a taxa de impostos é baixa. Uma empresa americana grande pode comprar uma pequena empresa irlandesa, por exemplo, e transferir todos os seus ativos para ela.
Esses esquemas fiscais tem chamado a atenção da União Europeia, que abriu em 2014 uma investigação ainda em curso que tem a Apple como principal alvo.
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