Notas de yuan: desvalorização despertou o temor de uma nova guerra cambial (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2015 às 16h22.
Para alguns, é o renminbi ou a Moeda do Povo. Para outros é o yuan, o kuai ou o “redback” (vermelhinha).
Seja qual for o nome que você escolher para ela, a moeda da China provocou nervosismo nos mercados mundiais nesta semana depois que o banco central decidiu repentinamente desvalorizá-la.
A decisão despertou o temor de uma nova guerra cambial e provocou a ira do candidato republicano à presidência dos EUA Donald Trump.
Mas o que aconteceu?
Na terça-feira, o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês), o banco central, mudou significativamente a forma em que administra o yuan ao permitir que os mercados tenham um papel mais importante na cotação da moeda.
Agora, a instituição estabelece o atrelamento diário do yuan ao dólar americano com base no nível de encerramento da moeda no dia anterior.
Antes da mudança, o PBOC não era excessivamente influenciado pelas movimentações diárias do mercado, e às vezes empurrava a moeda na direção oposta.
Contudo, a mão visível do Estado não desaparecerá completamente. A moeda só pode operar 2 por cento acima ou abaixo do nível de fixação.
Ao manter um controle estrito sobre a moeda, esse mecanismo ajudou a proteger a China em épocas de agitação dos mercados, como a crise financeira da Ásia e a crise financeira mundial.
Então, por que mudar agora?
O motivo da mudança está gerando debate entre os economistas.
Pelo menos para fora, a medida foi explicada como uma reforma fundamental que permite que o mercado conduza o valor da moeda.
Um elemento central nisso é o esforço para que o yuan seja aceito pelo FMI em sua cesta de moedas de reserva, o que colocaria o yuan a par do dólar, do euro, do iene e da libra esterlina, e daria um impulso à estatura mundial da China.
Permitir que o mercado conduza o yuan é o tipo de medida que deveria agradar quem acusa a China de controlar sua moeda para ajudar os exportadores às custas dos outros países.
O FMI recebeu bem a mudança, mas acrescentou que vai esperar para ver como o novo mecanismo será implementado.
O yuan não tinha se movimentado muito desde março porque os responsáveis pela política econômica da China queriam estabilidade como parte do esforço para convencer o FMI.
Por coincidência ou não, a desvalorização ocorreu dias depois que dados mostraram uma grande queda nas exportações. Uma mistura entre ajustes da taxa de juros e estímulo fiscal para incentivar o crescimento teve dificuldades para ganhar adeptos.
Portanto, ao desvalorizar a moeda, a ideia é que as remessas ganhem impulso e acelerem a economia.
Outro motivo mencionado por alguns é a queda das reservas monetárias da China, que despencaram US$ 315 bilhões nos doze meses até julho, para US$ 3,65 trilhões, pois o banco central manteve a taxa de câmbio estável.
Seja qual for a razão, a desvalorização da moeda não resolverá tudo; a queda nas exportações se deve, pelo menos em parte, à demanda fraca em mercados fundamentais, como a Europa, por exemplo.
A fraqueza do yuan não resolverá isso da noite para o dia.