Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante seminário no Rio de Janeiro (REUTERS/Sergio Moraes)
João Pedro Caleiro
Publicado em 1 de julho de 2015 às 22h43.
São Paulo – “Não dá para prever a reação dos mercados” ao processo de normalização de política monetária nos Estados Unidos, disse hoje o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Por isso, “teremos que conviver com certa dose de volatilidade por algum tempo”, mesmo que o processo esteja sendo feito “de forma ordenada e bem comunicada” pelo Federal Reserve.
Os comentários foram feitos no discurso que encerrou a 42ª edição do prêmio Melhores e Maiores, da revista EXAME, realizado no Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo, na noite desta quarta-feira.
Tombini disse que a economia mundial está em recuperação e que esta visão foi compartilhada com ele por presidentes de bancos centrais ao redor do mundo.
Ele também citou “indicadores consistentes e recuperação no Japão e no euro apesar do aumento da volatilidade nessa região devido aos desenvolvimentos da Grécia”.
Foi a única menção no discurso sobre o tema que tem preocupado os mercados internacionais e que também foi citado nas conversas do ministro com empresários antes do evento.
Tombini disse que a decisão do CMN de diminuir o intervalo de tolerância da inflação em 2017 de 2 pontos percentuais para 1,5 ponto foi “muito acertada”.
Ele também repetiu declarações recentes de que 2015 é um “ano de transição” e que o Banco Central “está e continuará vigilante para assegurar a convergência da inflação ao centro da meta no final de 2016”.
Como prova de avanço nesse sentido, ele citou que a piora nas projeções do IPCA para este ano não contaminaram as dos anos seguintes: “temos observado uma melhora sensível nas expectativas nos horizontes para além de 2015”.
Ele vê três fases do ajuste: contenção da atividade econômica, moderação de preços e retorno da confiança diante de um cenário de estabilidade e adoção de reformas e outros programas.
Como estas fases “não ocorrem em sequência, mas se sobrepõe”, sua expectativa é que o crescimento econômico volte antes da conclusão dos ajustes.
A previsão do BC, segundo Tombini, é que o déficit em transações correntes, por exemplo, caia em 20% de 2014 para 2015. Ele também disse que bons sinais nesse sentido já estão sendo registrados em números como o da balança comercial.
O M&M reúne grandes nomes do empresariado brasileiro e premia as companhias que se destacaram em 18 setores da economia. Neste ano, a WEG venceu como Empresa do Ano.