Vacina da Moderna contra covid-19 (Ben Hasty/MediaNews Group/Reading Eagle/Getty Images)
Fabiane Stefano
Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 17h46.
O Brasil dificilmente voltará ao tipo de isolamento social visto no início da pandemia, apesar do aumento do número de casos da Covid-19 no país, afirmam integrantes da equipe econômica. Os técnicos apostam que, mesmo com apelos e ações pontuais de governadores e prefeitos, a população não ficará em casa e a economia continuará girando.
Isso significa que não será preciso retomar o auxílio emergencial ou solicitar um novo decreto de calamidade em 2021. A avaliação, até o momento, é que seria suficiente apenas adotar medidas como antecipar abono salarial e 13º salário para aposentados, além de diferir tributos. Essas ações têm impacto no fluxo de caixa do governo, mas ficam dentro do teto de gastos. Tudo isso, claro, muda se os estados partirem para lockdown.
A demora para um calendário de vacinação contra a Covid-19 no país não muda essa avaliação, diz um integrante da Economia. Quando o processo começar, o foco estará na população idosa e em grupos de risco que estão em casa, o que não deve trazer impacto econômico imediato. O efeito que as aglomerações ocorridas durante as festas de fim de ano terão no país em 15 dias será um termômetro para a equipe econômica. Mas qualquer que seja o desfecho, a avaliação é uma só: as contas públicas não vão aguentar outro ano como 2020.
A equipe do ministro Paulo Guedes tem recebido pedidos de economistas e agentes do setor produtivo para que convença o presidente Jair Bolsonaro a apoiar de forma mais clara a vacinação contra a Covid-19. Mas a avaliação de um integrante da equipe econômica é de que o presidente, em si, não é um obstáculo a esse processo. O maior problema estaria na burocracia regulatória que torna a análise da Anvisa mais lenta para qualquer pedido de vacina, mesmo que seja de uso emergencial.
PEC emergencial, reforma administrativa e reforma tributária. Essa é a sequência de votação que o candidato apoiado pelo governo para a presidência da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), promete conduzir ainda no primeiro semestre de 2021 se vencer a disputa pelo comando da casa.
Integrantes da equipe econômica defendem a estratégia de Lira, lembrando que o maior problema do país hoje é a falta de espaço orçamentário para reforçar programas sociais como o Bolsa Família. Tanto a PEC emergencial quanto a reforma das carreiras do funcionalismo seguram gastos com salários e abrem caminho para ajudar os brasileiros que sofrerão os efeitos do fim do auxílio emergencial.
...terá que discutir três pontos principais além do que já está no Congresso: reestruturar o IR das empresas, taxar dividendos e desonerar a folha, mesmo que parcialmente, afirmam os integrantes da equipe econômica. Esses temas estarão sobre a mesa para quem quer que vença a eleição na Câmara. O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, recebeu apoio dos partidos de esquerda, que têm como bandeira a taxação dos mais ricos. Isso, no entanto, está longe de reduzir o desafio em torno da tributária. Guedes continuará insistindo em 2021 na ideia polêmica de criar um imposto digital para desonerar a folha.
A crise segue profunda e precisamos cuidar dos mais pobres reorganizando os programas de renda mínima mas sem abrir mão da austeridade fiscal e do teto de gastos. A demagogia fiscal sempre custa caro para o país e em especial para os mais pobres.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) January 7, 2021
Acabou. A equação brasileira é a seguinte:
Ou o pais entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021.— Miguel Nicolelis (@MiguelNicolelis) January 4, 2021