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1. Por um dólar mais colorido
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São Paulo - O poderoso dólar verde, tão símbolo americano quanto o Big Mac e a estátua da Liberdade, trocado por notas azuis e rosas? É a proposta da empresa de design Downling Duncan, que divulgou uma sugestão de redesign das cédulas ianques com um conceito visual mais moderno e diferentes cores para cada valor. O "sacrilégio" é completado com a emissão de todas as notas verticais na frente e no verso, contrário ao padrão americano. O criador percebeu que as pessoas manuseiam as notas na vertical, não na horizontal. A troca não se restringe ao projeto gráfico e elege novos símbolos para a nação americana - sai George Washington e entra Barack Obama, sorridente numa nota azul de um dólar. Uma aldeia de índios americanos ilustra uma nota de cinco dólares rosa, e a declaração dos direitos do cidadão é escrita numa nota de dez amarela. A maior nota americana, a de 100 dólares, traz Franklin Roosevelt como pano de fundo laranja para uma mini-biografia.
A série de notas está competindo no Dollar ReDe$ign Project, que quer eleger a melhor proposta de uma nova face para a moeda americana. O estúdio de design Downling Duncan é baseada na Inglaterra e tem escritório na Califórnia. Ao lado você confere a nota de um, 50 e 100 dólares. Para conferir as demais clique aqui.
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2. Lira, o fim da babilônia monetária do Líbano
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São Paulo - Por mais de 400 anos, o estreito país árabe fez parte do Império Otomano, até a Primeira Guerra Mundial transformá-lo em protetorado da França. As libras turcas e egípcias usadas até então foram trocadas pelos franceses pela a libra síria, que estava unida ao franco francês. Em libanês, a libra virou lira. A ligação com o franco francês seria cortada apenas com a guerra civil libanesa, que opôs facções cristãs e muçulmanas do país entre 1975 e 1990. O fim dos conflitos levou a fixação da moeda ao dólar pelo Banco Central do país, numa proporção de 3 liras para cada dólar americano. As moedas que circulam no país trazem sempre em uma das faces as moedas de cedro, antigo símbolo do país.
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3. Afegane: uma política monetária forjada entre conflitos
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São Paulo - No meio do caminho entre o oriente e o ocidente, o Afeganistão assistiu a muitas moedas sucessivas entre reinados macedônicos, turcos, selêucidas, mongóls e britânicos, além das ocupações soviética e americana na era moderna. No começo do século XX, os negócios do país eram fechados com três moedas: os falus (de cobre), as rúpias (de prata) e os mohurs (de ouro). Em regiões específicas, era possível encontrar também moedas locais. Esse comércio consideravelmente complicado melhorou apenas quando o afegane foi introduzido em 1926. Em quase um século de adoção, a moeda única sofreu seguidas flutuações, quase sempre ligadas à períodos de guerra e conflito. Em dezembro de 1996, pouco após a ascenção do Taliban ao poder, o Banco Central do Afeganistão declarou que a maior parte das cédulas Afeganes em circulação não tinham mais valor algum (aproximadamente 100 trilhões de Afeganes) e cancelou o contrato com a firma russa que havia imprimido a moeda desde 1992. O câmbio no episódio chegou a 21.000 afeganes para um dólar americano.
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4. O iuane e a ascensão do dinheiro vermelho
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São Paulo - O yuan ou iuane nasceu com a nomenclatura de Rénmínbi, que significa "moeda do povo" em 1949, mesmo ano de fundação do banco central da China, que se chama "Banco do Povo". A abreviação da moeda é "RMB", embora utilize-se mais o "CNY" no Sistema Financeiro Internacional. À época, o partido estava em guerra civil com as forças nacionalistas e nomeou o renminbi moeda oficial das áreas conquistadas. Já vitoriosos e no poder, a moeda ajudou ao plano de controle da inflação e gerenciamento da dívida externa aplicados pelo novo governo. Em sua história recente, o iuane tem protagonizado manchetes com o anúncio da mudança da política monetária chinesa, que decidiu flexibilizar seu câmbio artificialmente baixo e atrelado ao dólar. Em junho deste ano, a moeda fechou no mercado local no nível mais alto ante o dólar desde 2005, quando o governo revalorizou sua moeda. Hong Kong e Macau têm suas próprias políticas monetárias e moedas (dólar de Hong Kong e pataca, respectivamente) e que não necessariamente seguem o renminbi.
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5. Dólar do Zimbábue e os trilionários de uma nota só
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São Paulo - Quer juntar cem trilhões de dólares em pouco tempo? No Zimbábue, até uns pares de anos atrás, era questão de um segundo - era só pegar sua única nota de 100 trilhões, dobrar duas vezes e colocar no bolso de trás da calça. Havia também as notas de 50 mil, 100 bilhões e 500 milhões de dólares. Pena que, na prática, seu dinheiro não valeria quase nada: tecnicamente, uma casa de câmbio entregava 37 milhões de dólares do Zimbábue para cada mísero um dólar trocado em abril de 2009. A política monetária em colapso no país gerava cenas inusitadas no cotidiano dos cidadãos, que entregavam literalmente blocos de dinheiro para pagar um almoço e precisavam de malas de cédulas para acertar a conta do supermercado. Em 2009, o governo do país finalmente desistiu de continuar emitindo sua própria moeda. Agora é legal usar o dólar americano para liquidar as contas e dívidas, e a maioria de lugares simplesmente listam os preços em dólares. Como resultado, a inflação despencou de uma alta de mais de 20.000%.
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6. O bolívar e o câmbio duplo de Hugo Chávez
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São Paulo - Em 1º de Outubro de 2007, todas as lojas e anúncios da Venezuela tiveram de cortar três zeros do preço estampado em produtos e serviços. Foi a primeira fase do processo chamado pelo presidente Hugo Chávez de "reconversão monetária", que previa a substituição, a partir de 2008, da moeda oficial do país bolívar (Bs) pelo novo bolívar forte (BsF), cuja unidade equivale a mil bolívares antigos. A mudança é parte do braço econômico do pacote de alterações que Chávez criou em seu governo, incluindo a dilatação de seu tempo de permanência no poder. Em janeiro deste ano, o presidente Hugo Chávez anunciou a primeira desvalorização da moeda venezuelana desde 2005. Além disso, o presidente anunciou ainda uma taxa cambial dupla - um nível será destinado aos setores básicos, no qual um dólar será correspondente a 2,60 bolívares e outro para o restante da economia, no qual o dólar será cotado a 4,30 bolívares. O anúncio ocorre no momento em que o país, quinto maior exportador de petróleo do mundo, sofre com a recessão e com uma inflação de 25% - a maior da América Latina.
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7. Peso argentino, uma nação à preço de banana
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São Paulo - Durante muito tempo, viajar para a vizinha Argentina era uma opção cara para turistas brasileiros - a paridade forçada entre o peso argentino e o dólar deixava o custo bem salgado. Uma crise econômica devastadora em 2002 levaria a moeda do país a um salto profundo para a desvalorização. Um grande susto para a economia que foi, durante muito tempo, uma das mais prósperas da América Latina. Os primeiros presságios sugiram já na década de 80, quando a hiperinflação atingiu o país. O governo Menem (1989-1999) instituiu a paridade peso-dólar para segurar os preços e colocou a economia de volta no trilho do crescimento, sem saber que a conta seria alta: ao atrelar o peso à moeda americana, os argentinos adotaram uma moeda corrente cuja taxa de câmbio tinha pouca ligação com a verdadeira condição econômica do país. Logo a economia Argentina tornou-se terreno por demais fragilizado para receber os solavancos das crises do México (1995) e da Ásia (1997). Declínio das exportações, desemprego, falências e aumento da dívida levaram nosso vizinho ao caos por volta de 2002. No final de 2001, a dolarização da moeda argentina foi anulada e houve uma grande desvalorização, com o dólar sendo cotado a quase 4 pesos por dólar americano.
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8. O dólar, motor da conquista do topo do mundo
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São Paulo - Antes das notas verdes dominarem a economia mundial, a moeda que circulava nos Estados Unidos era o continentals. O dólar como o conhecemos nasceu da guerra: as 13 colônias americanas precisavam de uma moeda que financiasse a revolução da independência do país em 1776, e criaram a sua própria. Foi outra guerra, também, que alçou o dólar de mera unidade monetária nacional à moeda forte internacional: a Primeira Guerra e sua necessidade de dinheiro vivo fez vários países abandonarem o padrão-ouro e condenar suas moedas às espirais inflacionárias - não os Estados Unidos. O resultado culminou numa unidade monetária tão forte que, mesmo após a crise dilacerante em 29, foi escolhido pela cúpula de Breton Woods como base para reconstrução mundial após a II Guerra. O acordo previa que os países da Europa Ocidental deveriam acumular dólares como reserva, enquanto os EUA guardariam reservas em ouro. Foi a coroação de uma trajetória que culminou na soberania da moeda e numa força que nem mesmo o Euro foi capaz de ameaçar. Fora os EUA, mais seis nações usam a moeda norte-americana como oficial: Timor Leste, Equador, El Salvador, Iraque, Palau e Panamá. O dólar é, antes de tudo, um sobrevivente: ao longo das últimas décadas o sistema bancário dos Estados Unidos enfrentaram e superaram diversos reveses econômicos. Entre os períodos de baixa da moeda, estão a depressão econômica entre os anos de 1873 e 1907, a crise de 1929 e a recente de 2007.
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9. Os 16 anos do real e a queda de braço da inflação
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São Paulo - Há apenas 16 anos, o Brasil acabava de passar por uma sucessão de oito moedas diferentes, implementadas e abandonadas desde os anos 40. Do cruzeiro (1942-1967) ao real (1994-atual), o país havia tentado, moeda após moeda, vencer a queda de braço com a inflação. Nenhum dos testes anteriores foi tão bem sucedido quanto o Plano Real, idealizado em 1993 para combater a desordem financeira de três décadas. Dividido em três fases, o processo de implantação previa o controle dos gastos públicos, a criação da URV (Unidade de Valor) e só então a emissão da nova unidade definitiva. As primeiras cédulas do real começaram a circular no dia 1º de julho de 1994, e ajudaram a cimentar os índices de crescimento notáveis da economia recente. Ainda este ano, a cara do dinheiro no bolso do brasileiro deve mudar. No começo de 2010, o Banco Central anunciou a atualização da tecnologia e, por conseqüência, do design das cédulas do real. Gradativamente serão inseridas em circulação as novas cédulas de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100. AS duas últimas já foram lançadas e a previsão é de que comecem a circular até o final do primeiro semestre de 2010. Já as cédulas de R$ 10 e R$ 20 estão com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2011, enquanto que as cédulas de R$ 2 e R$ 5 serão anunciadas no primeiro semestre de 2012. As novas cédulas, entretanto, custarão mais: enquanto a impressão das cédulas atuais custa 168 reais para cada lote com mil notas, a nova versão do real chegará a custar 200 reais.
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10. Dobrões de réis, as primeiras moedas cunhadas no Brasil
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São Paulo - Muito tempo depois que o primeiro espelho foi entregue aos índios em troca de Pau Brasil, a colônia portuguesa parecia finalmente valer o investimento para os lusitanos: eram descobertas as reservas de ouro em Minas Gerais em 1700 e o Brasil se tornava o maior exportador do metal nobre no mundo. Para acompanhar o crescimento, foi autorizada pela primeira vez a cunhagem de moedas em solo nacional: nasciam os dobrões. A nova moeda era a síntese do momento de fartura, e foram uma das mais pesadas a circular no mundo - as de valor mais alto, de 20 mil réis, tinham 53,78 gramas.Foram feitas também moedas nos valores de 400, 1.000, 2.000, 4.000 e 10.000 réis.
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11. Coroas, a herança medieval nórdica
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São Paulo - As krones ou coroas são a moeda única da Suécia, Dinamarca e Noruega desde a criação da União Monetária Escandinava, zona de política econômica comum estabelecida em 1873. Tamanho, peso e largura das moedas foram padronizados e circulavam legalmente entre as fronteiras. Foi escolhido o padrão-ouro para definir o valor da unidade, na proporção de 2.480 coroas para cada quilograma de ouro. A união durou até 1914, mas as nações decidiram manter o nome das suas respectivas e agora separadas moedas. As coroas norueguesas, dinamarquesas e suecas sobreviveram à adoção do euro em 2000 após referendos populares rejeitarem a mudança de unidade monetária. Recentemente, o Índice Big Mac surpreendeu por mostrar a valorização das coroas em relação ao euro, com um Big Mac custando 45 coroas norueguesas, ou seja, 7,2 dólares ou 5,64 euros.
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12. Dirham, o ouro moderno de Dubai
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São Paulo - Antes da moeda com uma palmeira à beira-mar circular em Dubai, eram as rúpias a moeda mais comum nos países do Golfo Pérsico nos séculos 19 e 20. Em 1966 as rúpias passaram por grande desvalorização, e os países do Golfo decidiram emitir uma moeda própria. Os esforços para a independência na política monetária levaram Qatar, Dubai, Abu Dhabi e Bahrein a assinarem em 1965 o Acordo Monetário do Golfo Pérsico, que adotou brevemente a rial qatarí como moeda única. O acordo das quatro nações não vingou por dissidências internas, e levou à cisão do bloco e à assinatura de um acordo monetário entre Qatar e Dubai em 1966, com a criação do "riyal do qatar e dubai" como nova moeda. A unificação durou até 1973, quando Dubai ingressou nos Emirados Árabes Unidos e adotou o dirhan, moeda oficial da confederação de Estados. A moeda, fortemente fixada ao dólar, circula em cédulas de 5, 10, 20, 50, 200, 500 e 1.000 dirhans.
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13. Gourde haitiano, o dinheiro que virou pó
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São Paulo - A moeda haitiana, já enfraquecida na cambaleante economia local (para se ter ideia, cada Gourde vale hoje aproxidamente 0,04 real), virou pó com o terremoto que atingiu o país no começo deste ano. Os serviços que restaram no território devastado começaram a ser cobrados em dólar ou numa moeda alternativa, o "dólar haitiano", que equivale a cinco gourdes. O primeiro gourde do Haiti foi emitido em 1813 para substituir a libra, quase uma década depois da declaração de independência da França, em 1804. Recentemente, o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou o perdão total da dívida do Haiti com o órgão, que somava 178 milhões de dólares. No mesmo documento, o FMI prometeu ainda uma assistência de 60 milhões de dólares para o Banco Central do país, para que a instituição possa intervir nas excessivas flutuações da moeda, mais volátil diante dos fluxos de ajuda externa à nação fragilizada.
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14. Peso cubano, nacionalismo à sombra do dólar
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São Paulo - A história do peso cubano é na verdade a história de amor e ódio entre a ilha de Fidel e o dólar. Ainda nos tempos de monocultura dependente dos Estados Unidos, a moeda americana chegou a ser definida como a oficial do país, e era negociada junto aos pesos espanhóis e as libras francesas. O peso nacional ou peso cubano surgiria apenas mais tarde, depois da Revolução Cubana em 1959, e desde o começo teve sua cotação fixada junto ao dólar. Com o bloqueio norte-americano e o isolamento gradual do país, o peso cubano foi perdendo valor, e chegou ao máximo da desvalorização em 1991, com o esfacelamento do seu novo parceiro econômico e ideológico, a União Soviética. Para fortalecer a economia isolada, a circulação do dólar no mercado interno voltou a ser permitida pelo governo em 1993, com a condição do uso da moeda ficar restrito a consumo e lazer. Mas a política iria interferir mais uma vez e, em 2004, em novo capítulo de retaliação ao governo americano, o dólar foi novamente banido. Duas moedas circulam em Cuba hoje: o peso conversível (que é utilizado em lojas especiais para turistas, que vendem em dólar, à taxa de um peso conversível por dólar) e o peso tradicional (26 pesos por dólar) utilizado para o pagamento dos salários e para a compra de mercadorias no mercado interno, tais como aluguéis, luz, telefone, roupas e alimentos.
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15. Euro, o seleto clube do velho mundo
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São Paulo - A ideia de uma moeda única na Europa nasceu antes do Euro as primeiras discussões entre os países começaram nos anos 60, com a criação da Comunidade Econômica Europeia (CEE), embrião da União Europeia. Décadas de debates se seguiram até o ponto de partida do dinheiro sem fronteiras. Para afinar suas economias no mesmo timbre, os 19 países da Zona do Euro tiveram de preencher os chamados critérios de convergência: taxas de inflação e de juros têm de permanecer próximas às dos três países-membros que tenham maior estabilidade de preços; o déficit orçamental só pode chegar até 3% do Produto Interno Bruto (PIB); a dívida pública, até 60% do PIB, entre outras medidas. A partir da adoção da moeda, os países delegaram suas políticas monetárias ao Banco Central Europeu (BCE), que regula as taxas de juros de toda a zona do euro e procura manter a taxa de inflação abaixo de 2% ao ano. Para os países europeus de economia mais fraca ou moeda mais volátil tem sido mais difícil manter os padrões. A crise grega de 2010, por exemplo, revelou que alguns países tinham déficit orçamental bem acima do tolerado: 13,6%, na Grécia; 14,3% na Irlanda; 11,2% na Espanha e 9,4% em Portugal. Curiosidade: todas as moedas de euro têm uma face comum e uma face nacional, com um algum símbolo que remete ao país onde foi emitida. Na Alemanha, a coroa traz a águia, símbolo da soberania germânica; na Espanha, a efígie do Rei Juan Carlos, atual soberano do país; na Finlândia, o símbolo é a flor e a fruta da amora silvestre, fruto típico do país.
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16. Dracma, das páginas da Bíblia aos bolsos do século XXI
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São Paulo - Moeda mais antiga a permanecer em circulação, a dracma sobreviveu valorosamente por dois milênios até ser recentemente substituída pelo Euro. A moeda grega circulava desde a época das cidades-Estados, 600 anos antes de Cristo, e chegou a ser citada na Bíblia. Saiu dos bolsos para os museus em 2002, em pleno século XXI. Cada dracma era dividido em 100 leptas, e manteve mesmo nas versões mais recentes o milenar símbolo da coruja e do ramo de oliveira, ícones ligados à deusa Atena. Mesmo o Euro grego que circula hoje mantém a ave e a folha, como homenagem ao passado helênico.
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17. Chá prensado, o padrão-ouro da China
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São Paulo - Usar alimentos como moeda não foi um costume restrito às sociedades antigas. O quadrado de chá da foto é do século XX, e ainda pode ser encontrado na China, Mongólia, Tibet e algumas partes da Rússia. O valor do chá prensado varia de acordo com a qualidade do produto. Existem registros de cinco valores: a "cédula" da foto é de qualidade média, percebida pela sua cor e consistência. As de menor qualidade tinham pequenos galhos no meio, e os de ainda pior qualidade eram misturadas com fuligem para ganhar uma cor mais escura. O chá, junto com o sal, tem uma longa história de uso monetário na China: ambos chegaram a ser propriedade estatal e lastrear riquezas, assim como o ouro. Se não desse pra vender, ao menos serviam para cozinhar, pensavam os imperadores.
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18. Anéis-moeda, o dinheiro dos celtas do Mar Negro
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São Paulo - Os anéis de metal da foto são feitos de cobre e chamados Ringgeld. Muitas vezes os místicos celtas encaixavam um nos outros e faziam longas correntes, com as quais se enfeitavam ou trocavam por bens. O uso foi mais comum entre as tribos da costa do Mar Negro, na região em que hoje é a Bulgária. Os arcos de metal, de 700 a.C., são quase tão antigos quanto as moedas de bronze da China, mas não chegaram a ficar conhecidos no resto da Europa. Seu valor é desconhecido, mas os anéis parecem ter sido feitos em três diferentes tamanhos - entre 8 e 25 milímetros, presumivelmente representando três valores diferentes. O formato é inspirado nos anéis de ossos, usados anteriormente como moedas na região.
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19. Dinar, a moeda do Aladdin
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São Paulo - O dinar talvez apareça em quase todas as milhares de páginas das Mil e Uma Noites, de onde vieram Cherazade e Alladin - era a moeda universal dos países criados após a cisão do Império Otomano (1299-1922), de onde surgiram a maioria das nações árabes de hoje. A inscrição do meio da moeda da foto, de 1 dinar, diz: "Este Dinar foi cunhado em nome de Deus na cidade de Sana`a em 285". A frase na borda externa também faz referência a Alá: "Essa é uma decisão de Deus, tanto na primeira profecia, e na segunda. Naquele dia, os crentes devem se alegrar". O nome Dinar vem da moeda romana "denarium", cujo nome significava "dez vezes". A moeda é usada hoje na Algeria, Bahrein, Iraque, Jordânia, Kuwait, Libia, Macedônia, Sérvia e Tunísia, mas não são mais produzidas em ouro, como essas da foto.
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20. Alexandre, o Grande, pai da primeira moeda nacional
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São Paulo - Além de ter aulas com Aristóteles, tornar-se rei aos 10 anos, e virar senhor dos gregos e dos asiáticos antes dos 40, Alexandre O Grande é dono de mais um feito histórico: foi em seu governo que surgiu a primeira moeda única nacional, na época chamada de Staber. Antes, os Tetradracmas de Atenas eram a forma melhor sucedida de moeda intermetropolitana. Depois do Staber, Alexandre cunhou várias moedas comemorativas de suas conquistas, usadas em todo o reino. A moeda de prata da foto tem a cabeça de Heráclito, antepassado místico da dinastia Argead, nome que a casa real da Macedônia dava a si própria. Ele fez parte de todas as moedas de prata cunhadas por Alexandre até o fim de sua vida. Nas peças douradas, a cabeça da deusa Athena estampava sempre a cara e o busto de Nike, a deusa da Vitória, a coroa.
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21. Yü Pi, a primeira moeda de metal do mundo
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São Paulo - A economia crescia em "ritmo chinês" durante a dinastia Zhou (1045-221 a.C), mesmo que os chineses da época não pudessem saber disso. As pessoas começavam a acumular posses, enquanto a indústria se especializava em armas e utensílios de bronze. Logo percebeu-se que aquele metal resistente era melhor para trocar bens do que itens perecíveis, como arroz e sementes, que eram usadas até então. A primeira moeda cunhada à época foi o Yü Pi, emitido pela primeira vez em 1.122 antes de Cristo. Era comum que o bronze fosse negociado em formas diferentes e populares, como espadas, sinos e peixes, como a moeda da foto. Os peixes de bronze, além de dinheiro, eram vistos como amuletos de sorte.
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22. Tábuas de argila, o bloco de notas da Mesopotâmia
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São Paulo - Pode-se dizer que a moeda surgiu na Mesopotâmia: tábuas de argila eram usadas pelos funcionários públicos como maneira de controlar e fiscalizar quantidades e tipos de mercadorias negociadas, num comércio cada vez mais florescente. Para lembrar todos os valores de compras e vendas, eles anotavam tudo nos Tokens, quadrados feitos de argila, que aos poucos foram ganhando valor intrínseco. As moedas da foto são datadas de 2.600 anos a. C. Cada Token, com seu registro simbólico, representava uma certa quantidade de bens. Com o passar do tempo, as fichas começaram a ser guardadas em bolas de argila, escondidas pelas famílias como herança por anos a fio.