O guia: uma coleção de evidências de que o Brasil precisa de mudanças radicais para evoluir (Maurício Grego / Exame.com)
Maurício Grego
Publicado em 16 de novembro de 2015 às 08h14.
São Paulo — Qual é o papel do estado na economia? Para muitos brasileiros, o governo tem o dever de proteger os pobres da ganância dos capitalistas. Também deve resguardar a indústria da concorrência internacional predatória e das manobras comerciais do imperialismo global.
Em seu Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira, que chega às bancas nesta semana, o jornalista Leandro Narloch mostra que esse estado babá, que diz proteger os fracos e oprimidos, é um obstáculo a qualquer pretensão do Brasil de se tornar um país mais igualitário e evoluído.
O cenário que ele retrata — com dados de pesquisas, análises e fatos do noticiário — é um inferno cheio de boas intenções.
Leis criadas para proteger trabalhadores acabam fomentando o subemprego. Uma delas, a do FGTS, instituiu um empréstimo que o trabalhador é obrigado a fazer ao governo. E o empréstimo só é pago parcialmente, já que o saldo do FGTS não acompanha a inflação.
O BNDES, criado para apoiar as empresas nacionais, serve para beneficiar — com dinheiro dos impostos — empresários amigos de quem está no governo. Leis protecionistas (entre os países emergentes, o Brasil é um dos mais fechados ao comércio exterior) acabam prejudicando a indústria nacional.
Narloch mostra que são os brasileiros mais pobres que pagam a conta mais pesada, já que gastam maior percentual da renda com impostos.
Esses brasileiros também financiam aposentadorias integrais de funcionários públicos e militares (assim como de filhas de militares) que têm condições econômicas melhores que as deles. Resumindo, o estado brasileiro é muito eficiente em tirar dos pobres para dar aos ricos.
Imagine uma pessoa que quebra suas pernas e, logo depois, dá a você um par de muletas, dizendo: ‘Veja, se não fosse por mim, você não seria capaz de andar’. É mais ou menos assim a ação do estado brasileiro na pobreza e na desigualdade, diz Narloch, citando uma comparação do político americano Harry Browne.
O governo concede privilégios a grandes empresários, mantém aposentadorias milionárias, torna os produtos do supermercado mais caros para os pobres e obriga todo trabalhador a investir numa conta que reajusta menos que a inflação, prossegue ele.
Depois, como se nada tivesse acontecido, se diz muito preocupado com os pobres e anuncia um programa de transferência de renda para reduzir a miséria e a desigualdade que ele próprio criou, conclui.
O livro ainda debate os motivos porque a pobreza diminuiu durante o governo Lula e relembra alguns absurdos que pessoas conhecidas disseram sobre a economia. Confira, no vídeo, o que diz Narloch sobre as leis trabalhistas:
https://youtube.com/watch?v=m-sl2wyvlAI%3Frel%3D0%26controls%3D0%26showinfo%3D0