Economia

UE rejeita pedido americano de isolar o Irã

Muitas grandes empresas europeias, como o grupo petroleiro Total, decidiram se retirar do Irã se não forem eximidas das sanções americanas

Irã: bloco europeu compra 20% da exportação de petróleo do país (Leonhard Foeger/Reuters)

Irã: bloco europeu compra 20% da exportação de petróleo do país (Leonhard Foeger/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de julho de 2018 às 17h15.

Os europeus rejeitaram, nesta segunda-feira, o pedido dos Estados Unidos de isolar economicamente o Irã e adotaram um instrumento jurídico para proteger as empresas europeias presentes no país contra as sanções americanas, anunciou a chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini.

"Aprovamos a atualização do estatuto de bloqueio e tomamos todas as medidas necessárias para facilitar que o Irã se beneficie dos efeitos econômicos do levantamento das sanções", disse Mogherini após a reunião com os ministros de Relação Exteriores dos países membros da União Europeia (UE).

A lei do bloqueio europeu entrará em vigor em 6 de agosto, data de aplicação da primeira rodada das sanções americanas. A segunda entrará em vigor em 4 de novembro, duranta as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos.

Esta regulamentação estabelecida em 1996 possibilita contrariar as sanções americanas que se aplicam a todas as empresas e pessoas físicas no mundo, segundo o princípio de extraterritorialidade do direito americano.

Muitas grandes empresas europeias, como o grupo petroleiro Total, decidiram se retirar do Irã se não forem eximidas das sanções americanas.

Os Estados Unidos rejeitaram dispensar as empresas europeias após denunciar o acordo nuclear com o Irã.

Mogherini reconheceu que "o exercício é difícil", pois "o peso dos Estados Unidos na economia mundial é muito importante".

"Não estou em capacidade de dizer se nossos esforços serão suficientes, mas fazemos tudo o que podemos para evitar que o acordo nuclear com o Irã morra, pois as consequências seriam catastróficas para todos", alertou.

O ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves le Drian, insistiu na "necessidade de possibilitar que o Irá possa continuar vendendo seu petróleo".

"A UE e os outros signatários do acordo alcançado com o Irã em 2015, China e Rússia, buscam um mecanismo financeiro que garanta ao Irã a capacidade de exportar seu petróleo", destacou.

O setor energético rendeu 50 bilhões de dólares ao Estado iraniano em 2017, segundo dados europeus. Os recursos vêm principalmente do petróleo.

O Irã exporta 3,8 milhões de barris de petróleo diários. Do total, 20% é comprado pela UE e 70% pela China e outros países da Ásia, segundo dados da primeira.

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