Economia

UE deve alertar países do G20 sobre os riscos das tensões comerciais

FMI e OMC também veem conflitos comerciais como um fator ruim para o crescimento da economia global

Último encontro do grupo, em 2018, aconteceu em Buenos Aires. Próxima reunião será em Washington, nos dias 11 e 12 de abril. (Arquivo) (Marcos Brindicci/Reuters)

Último encontro do grupo, em 2018, aconteceu em Buenos Aires. Próxima reunião será em Washington, nos dias 11 e 12 de abril. (Arquivo) (Marcos Brindicci/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de abril de 2019 às 14h43.

Última atualização em 2 de abril de 2019 às 14h44.

Bruxelas — A União Europeia (UE) vai alertar as nações do G20 que as tensões comerciais estão colocando em risco o crescimento global e precisam ser tratadas com uma rápida reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo um documento preliminar do bloco europeu.

O documento, ao qual a Reuters teve acesso, define as prioridades da UE em comércio, reformas tributárias globais e regras financeiras, antes de uma reunião de ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G20 em Washington, em 11 e 12 de abril.

"As atuais tensões comerciais colocam em risco a expansão em curso", diz o documento, advertindo que o crescimento global está desacelerando e pode parar.

Ministros das Finanças da UE vão aprovar formalmente o documento em uma reunião neste sábado, 6, em Bucareste, capital da Romênia.

Os 28 países da União Europeia reiterarão seus apelos aos Estados Unidos e à China para que deixem de lado sua fricção comercial e se engajem na reforma da OMC, que deveria permanecer no centro de uma economia global aberta e baseada em regras, diz o documento.

Para combater os riscos de uma recessão, a UE convida os países do G20 a apoiar o investimento público e privado e insta os Estados com elevada dívida pública a reconstruir os amortecedores orçamentais e a realizar reformas estruturais.

A UE também renova seus apelos para um acordo global sobre a reforma da tributação digital em 2020, depois que seus 28 Estados não conseguiram chegar a um acordo sobre a imposição de um imposto sobre as grandes empresas da internet que seria aplicado em todo o bloco.

As nações do G20 estão convidadas a considerar as regras globais de divulgação obrigatória para bancos, advogados e outros intermediários fiscais, afirma o documento da UE.

O bloco europeu pediu que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pela transparência fiscal, atualize sua lista de paraísos fiscais, que atualmente inclui apenas a pequena ilha caribenha de Trinidad e Tobago. A lista da própria UE foi recentemente expandida para incluir 15 jurisdições, incluindo os Emirados Árabes Unidos.

Os países da UE também pressionarão seus parceiros do G20 a aplicarem regras financeiras comuns para evitar a fragmentação do mercado e a instabilidade financeira. Eles vão pedir aos países do G20 que apliquem integralmente a reforma bancária de Basileia III.

O G20 deve monitorar e abordar, se necessário, as vulnerabilidades financeiras emergentes que surgem principalmente da "intermediação financeira não bancária", como os fundos de investimento, segundo o documento da UE.

A UE também se compromete a intensificar os esforços para combater os ataques cibernéticos e regular os ativos criptográficos contra os riscos de lavagem de dinheiro.

Brexit sem acordo também tem efeitos negativos

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, adiantou o alerta que deve fazer nas reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial em 12 a 14 de abril. Assim como a UE, Lagarde vê com preocupação a possibilidade de criação de barreiras fiscais e um Brexit sem acordos.

De acordo com a diretora do FMI, o crescimento global perdeu força em meio às tensões comerciais e condições financeiras mais apertadas, mas pausas nas altas dos juros ajudarão a impulsionar a atividade no segundo semestre de 2019.

Lagarde também disse que a economia global está “instável” após dois anos de crescimento estável, com a perspectiva “precária” e vulnerável ao comércio, Brexit e choques dos mercados financeiros.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) também criticou o levantamento de barreiras comerciais e as taxas chinesas sobre a importação de carros norte-americanos.

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