Economia

Turismo registra prejuízo de R$ 245 bi de março a novembro, diz CNC

Atualmente, o setor opera com apenas 39% da sua capacidade mensal de geração de receitas

Turismo: ritmo de perdas do setor deve voltar a se agravar (Germano Lüders/Exame)

Turismo: ritmo de perdas do setor deve voltar a se agravar (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 15h13.

As atividades turísticas já somam um prejuízo de R$ 245,5 bilhões desde o agravamento da pandemia do novo coronavírus no País, em março deste ano. Atualmente, o setor opera com apenas 39% da sua capacidade mensal de geração de receitas, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

As perdas mensais de faturamento do turismo brasileiro cresceram de R$ 13,38 bilhões em março para R$ 36,94 bilhões em abril, até o pico de R$ 37,47 bilhões em maio. Houve melhora discreta desde então, descendo a R$ 34,18 bilhões em junho, R$ 31,87 bilhões em julho, R$ 29,02 bilhões em agosto, R$ 24,98 bilhões em setembro, R$ 20,73 bilhões em outubro e R$ 16,91 bilhões em novembro.

Em meio ao novo agravamento da pandemia de covid-19 em diferentes estados brasileiros, o ritmo de perdas do turismo deve voltar a se agravar.

"O setor vislumbrava melhora no início de 2021, com a possibilidade de uma vacinação, mas agora vai amargar perdas maiores", alertou o economista Fabio Bentes, responsável pelo cálculo da CNC.

Bentes menciona a existência de incertezas e dificuldades quanto a um plano de vacinação em escala suficiente para abranger toda a população.

"Temos eventos importantes para o turismo que foram cancelados, como o carnaval no Rio e em Salvador, que são como o Natal do setor de turismo. O réveillon também foi cancelado. No primeiro trimestre de 2021, essas perdas vão aumentar, porque são eventos importantes para o setor que não acontecerão, tendo como pano de fundo um agravamento da pandemia. A situação pode piorar com esses cancelamentos, mas também por conta de medidas mais restritivas de circulação de turistas nacionais", contou o economista da CNC.

Mais da metade (51%) do prejuízo apurado até agora pelo setor ficou concentrado nos estados de São Paulo (R$ 88,3 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 36,8 bilhões). A estimativa da CNC considera o que o turismo deixou de arrecadar desde a segunda quinzena de março até o fim de novembro, tendo como base informações das pesquisas conjunturais e estruturais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de séries históricas referentes aos fluxos de passageiros e aeronaves nos 16 principais aeroportos brasileiros.

A CNC prevê que o faturamento real do setor de turismo encolha 39,1% em 2020, com perspectiva de retorno ao nível pré-pandemia apenas no segundo trimestre de 2023. As atividades turísticas cresceram 7,1% na passagem de setembro para outubro, a sexta taxa positiva seguida dentro da Pesquisa Mensal de Serviços, com ganho acumulado de 102,6% no período, informou nesta sexta-feira 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o setor de turismo brasileiro ainda precisa avançar 54,7% para retomar o patamar de fevereiro, no pré-pandemia.

A queda na arrecadação teve consequências sobre os empregos no setor. Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria do Trabalho mostram que 469 4 mil postos de trabalho formais em atividades turísticas foram eliminados de março a outubro deste ano, uma redução de 12,9% da força de trabalho do setor. Na média de todos os setores da economia, o total de trabalhadores ocupados com carteira assinada diminuiu 0,8% no período.

Os maiores cortes de vagas ocorreram nos segmentos de serviços culturais (-45% de ocupados ou 8,7 mil postos a menos), agências de viagens (-28% ou -19,1 mil pessoas) e de hotéis, pousadas e similares (-21% ou -72,1 mil trabalhadores).

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