Alexis Tsipras: o premiê parecia relaxado e confiante, com um toque de humildade, quando apareceu diante de parlamentares da UE em Estrasburgo sob aplausos e algumas vaias (REUTERS/Vincent Kessler)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2015 às 13h33.
Estrasburgo - O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu em discurso ao Parlamento Europeu nesta quarta-feira um acordo justo para manter seu país na zona do euro, reconhecendo a responsabilidade da própria Grécia em suas dificuldades, depois que líderes da UE deram a ele cinco dias para que apresente reformas convincentes.
O governo grego enviou formalmente um pedido de empréstimo de três anos do fundo de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês) que seria usado para "atender as obrigações de dívida da Grécia e para assegurar a estabilidade do sistema financeiro".
Com os bancos fechados, os saques de dinheiro racionados e a economia em queda livre, a Grécia nunca esteve tão perto de uma falência que provavelmente forçaria o país a imprimir uma moeda alternativa e deixar o euro.
Ainda assim, o premiê parecia relaxado e confiante, com um toque de humildade, quando apareceu diante de parlamentares da União Europeia em Estrasburgo sob aplausos e algumas vaias.
Falando horas após líderes da zona do euro, em outra cúpula emergencial em Bruxelas, darem à Grécia um prazo até o final da semana para que apresente propostas de reformas abrangentes, Tsipras disse que os gregos não tiveram escolha a não ser requerer uma saída "deste impasse".
"Estamos determinados a não ter um embate com a Europa mas a enfrentar o establishment em nosso próprio país e a mudar a mentalidade que derrubará a nós e a zona do euro", disse ele sob aplausos da esquerda.
Ele prometeu entregar propostas de reformas detalhadas na quinta-feira e evitou em grande parte a retórica nervosa que alienou muitos parceiros europeus, embora tenha criticado tentativas de "aterrorizar" os gregos a votarem a favor de "austeridade sem fim".
Falando antes dele, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, repetiu que o prazo final para que a Grécia envie planos de reforma convincentes e comece a implementá-los acaba nesta semana.
"Nossa incapacidade de encontrar um acordo pode levar à falência da Grécia e à insolvência de seu sistema bancário, e com certeza será mais doloroso para o povo grego", disse Tusk. "Não tenho dúvida de que isso afetará a Europa, também no sentido geopolítico; se alguém tem a ilusão de que não, esse alguém é ingênuo."
Se especialistas da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) considerarem as propostas gregas viáveis, os ministros das Finanças da zona do euro vão se reunir no sábado para recomendar a abertura de negociações com Atenas, e uma cúpula especial dos 28 países da UE irá se reunir no domingo para aprovar um plano de ajuda.
Fontes da zona do euro disseram que uma questão importante é se o pacote de reformas da Grécia será mais ambicioso que os cortes de gastos, aumentos de impostos e reformas modestas que os eleitores gregos rejeitaram no domingo em referendo sobre um plano de resgate anterior.
Apesar dos esforços de último minuto para costurar um acordo para a Grécia, uma pesquisa da Reuters com economistas mostrou que a probabilidade de que a Grécia deixe a zona do euro subiu a 55 por cento ante 45 por cento na semana passada, a primeira vez que a chance ultrapassou a marca de 50 por cento.
Merkel deixou claro em entrevista coletiva que ela não está "exageradamente otimista" de que um acordo pode ser encontrado para salvar a Grécia até o domingo.
Enquanto isso, o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, aumentou a pressão de Washington para que a Grécia e seus parceiros cheguem a um acordo para manter Atenas na área do euro pelo bem da estabilidade econômica e geopolítica da Europa.