Temos uma situação tremenda de roubo de propriedade intelectual acontecendo, disse Trump (Jonathan Ernst/Reuters)
EFE
Publicado em 22 de março de 2018 às 14h31.
Última atualização em 22 de março de 2018 às 18h49.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta nesta quinta-feira (22) que vai impor tarifas sobre até 60 bilhões de dólares em produtos importados da China.
O número supera os US$ 50 bilhões que haviam sido antecipados para a imprensa por funcionários da Casa Branca e houve confusão inicial sobre sua incidência.
"Originalmente, os observadores acharam que os 50 bilhões de dólares viriam de uma tarifa de 10% sobre os 500 bilhões de importações da China, o que seria gigantesco e disruptivo. Depois que foi explicado, vimos que era sobre 50 bilhões de dólares em produtos, ou sobre apenas 10% do que se importa da China", explicou Andrew Brenner, da NatAlliance Securities.
A medida é uma retaliação contra o suposto roubo de propriedade intelectual americana pelos chineses.
Segundo as autoridades americanas, o valor corresponde às perdas anuais de empresas dos EUA em solo chinês como resultado de joint ventures forçadas e transferências de tecnologia.
O representante comercial americano (USTR) Robert Lighthizer selecionou 1.300 categorias de produtos que podem ser alvo das tarifas.
Será determinado então um período de 60 dias de consulta antes que uma ação definitiva entre em vigor, e a alíquota seria de 25%, em princípio.
Trump destacou que o déficit comercial anual de 375 bilhões de dólares que os EUA têm com a China é o maior da história para qualquer país e que a meta é reduzi-lo em 100 bilhões de dólares.
O ato de hoje foi divulgado como a "primeira de muitas" ações comerciais e Trump também assinou uma ordem para restringir o investimento chinês nos Estados Unidos.
O anúncio fez as ações despencarem em Wall Street, com queda do índice industrial Dow Jones de cerca de 2%, com o temor de que o ato leve a um cenário de guerra comercial generalizada.
Trump também quer que Lighthizer mova ações contra a China na Organização Mundial de Comércio (OMC), acusando Pequim de impedir o licenciamento de tecnologia de empresas americanas na China.
A medida também pede para o Tesouro nacional desenvolver novas propostas que ampliem as salvaguardas em investimentos que podem comprometer a segurança nacional americana.
Funcionários da Casa Branca anunciaram na quinta-feira as ações arremataram anos de esforços para encorajar a China a dar fim às alegadas práticas desleais por meio de negociações.
"Esses diálogos fracassam nos governos Bush e Obama", afirmou o conselheiro comercial da Casa Branca Peter Navarro à imprensa.
Navarro disse que Trump tinha se esforçado para encorajar Pequim a cooperar com as súplicas americanas de abrir os mercados chineses e dar fim a práticas injustas.
"O problema é que, com os chineses, neste caso, a conversa não foi barata, foi muito, muito cara, e finalmente o presidente decidiu que precisávamos seguir em frente".
Conforme Trump avançou em direção ao confronto, Pequim alertou várias vezes que guerras comerciais não beneficiam ninguém e que a China não ficaria parada diante de novas medidas punitivas de Washington.
A indústria americana, e o setor agropecuário em particular, expressou preocupações excepcionais de que as medidas de Trump possas despertar medidas de retaliação e prejudicar as exportações americanas.
Mas Navarro disse à imprensa que a China se beneficiou muito mais com as relações comerciais com os Estados Unidos que o contrário, o que significa que pode ser difícil para Pequim retaliar.
As novas ações da China acontecem semanas depois de a Casa Branca anunciar, repentinamente, novas tarifas às importações de aço e alumínio, provocando reações imediatas de parceiros comerciais e até mesmo de integrantes do Partido Republicano.
Nesta sexta-feira, foi anunciada a isenção das tarifas - que entram em vigor nesta sexta-feira - a países como Brasil, Argentina, México e os integrantes da UE.