Economia

Trump é melhor para a economia, diz Moreira, do Brasil Plural

Eduardo Moreira, sócio-fundador do banco Brasil Plural, vai na contramão de muitos especialistas e afirma que a eleição de Trump será boa para o Brasil

Eduardo Moreira: Estados Unidos é um império e como todo império gosta de ser temido (Exame Hoje)

Eduardo Moreira: Estados Unidos é um império e como todo império gosta de ser temido (Exame Hoje)

LT

Letícia Toledo

Publicado em 9 de novembro de 2016 às 15h19.

Última atualização em 30 de dezembro de 2016 às 16h54.

Reportagem publicada originalmente em EXAME Hoje, app disponível na App Store e no Google Play

São Paulo — No fim de junho, quando nenhuma pesquisa acreditava na possibilidade de Donald Trump ganhar as eleições americanas, o sócio-fundador do banco Brasil Plural, Eduardo Moreira, escreveu uma coluna para o aplicativo da EXAME Hoje explicando porque Trump se tornaria o novo presidente dos Estados Unidos.

Na visão de Moreira, Trump seria eleito  por aqueles que estavam se dedicando a divulgar mensagens e artigos de ódio na internet. Agora, enquanto os mercados financeiros entram em pânico, Moreira afirma que a eleição do candidato republicano, na verdade, é uma boa notícia para a economia brasileira e para os mercados acionários. Confira a entrevista a seguir:

EXAME Hoje — O que podemos esperar para a economia agora que Trump foi eleito?

Eduardo Moreira — Donald Trump foi eleito pelo personagem que ele representa. O personagem eleito é o que o império americano queria. Os Estados Unidos são um império e como todo império gostam de ser temidos e de ter poder. A posição mais fraca em que os Estados Unidos se colocaram nos últimos anos fez com que muitos americanos sentissem saudades desse império e por isso eles elegeram Trump.

Agora, o discurso de campanha foi um discurso de personagem. O Donald Trump real é um empresário que já fez negócios com árabes, muçulmanos, enfim, todas as minorias que ele atacou durante as eleições. O Trump presidente vai ser o Trump empresário, muito mais eficaz do que o personagem. Outro ponto é que uma alternância entre governos mais liberais e sociais é super saudável. Com Obama o governo era mais social, agora os Estados Unidos vão ter um governo mais liberal.

Saíram pesquisas de que a economia brasileira perderia com a eleição de Trump. O senhor concorda?

Na verdade a eleição de Trump é boa para a economia brasileira. Ele quer ampliar o protagonismo americano e para isso a região da América do Sul é muito importante e é essencial ter uma boa relação com o principal país da região. Michel Temer e Trump têm ideais liberais e serão bons aliados. Economicamente falando, a vitória de Trump é o melhor para o Brasil, mesmo que eu seja contra ele.

Mas não há o risco de o Trump “levantar muros” e cortar relações com o Brasil, assim como ameaça fazer com outros países?

Se o Trump for mesmo adotar a política liberal ele vai querer que a indústria americana cresça e para isso vai precisar de países como o Brasil. O produto brasileiro não compete com os Estados Unidos, como é o caso da China, ele é insumo para o produto americano. Ou seja, a economia brasileira pode crescer mais com Trump.

No mercado financeiro, o Ibovespa abriu o dia com quedas de mais de 3%. Na Ásia as bolsas despencaram 5%. É hora de vender ações?

É claro que todo mundo está com medo, mas eu tenho convicção de que o mercado vai subir. Pode até cair 4% hoje, mas ao longo das próximas semanas voltará a subir. Na verdade essa queda de hoje pode ser uma boa oportunidade para comprar ações. O cenário ainda é positivo para a economia brasileira.

E o dólar, que abriu o dia em alta, tende a subir mais?

Há dois efeitos contrários que influenciarão o dólar. De um lado, a economia americana está ficando mais forte, o que ajuda o dólar a se valorizar. Mas, ao mesmo tempo, a economia brasileira também deve crescer e isso fortalece o real. Minha previsão é de que nos próximos 12 meses o dólar permaneça por volta dos 3 reais.

Um evento bastante aguardado pelo mercado é a elevação de juros nos Estados Unidos. A previsão de especialistas era de que o banco central americano, Federal Reserve, iniciasse uma alta nos juros do país em dezembro. Com o Trump, o cenário muda?

O mercado está em pânico no momento, prevendo caos, mas isso logo vai passar. Daqui uma semana acredito que as previsões voltarão a ser as mesmas de algumas semanas, quando se apostava na Hillary campeã. O Federal Reserve vai iniciar a alta de juros em dezembro.

E na bolsa brasileira o que vale a pena comprar neste momento?

É hora de ter um portfólio variado, parecido com o do Ibovespa [principal índice da bolsa] ou IBX [100 ações mais negociadas da Bovespa]. Nós já passamos da fase de comprar apenas papéis como Eletrobras e Petrobras. Agora é preciso montar uma carteira com posições representativas do cenário macroeconômico.

Para ler esta reportagem antecipadamente, assine EXAME Hoje.

Acompanhe tudo sobre:Brasil PluralDonald Trumpeconomia-brasileiraEleições americanas

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo