Economia

Trump chega a Davos para vender EUA para elite mundial

Pouco antes de embarcar, Trump tuitou que pretende "contar ao mundo a que ponto os Estados Unidos são formidáveis e como vão bem"

Davos: À espera do discurso de sexta-feira (26), vários membros de seu governo já estão na cidade (Ruben Sprich/ Reuters/Reuters)

Davos: À espera do discurso de sexta-feira (26), vários membros de seu governo já estão na cidade (Ruben Sprich/ Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 11h26.

O Air Force One do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aterrissou nesta quinta-feira (25) na cidade de Zurique e segue para Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial (WEF).

Trump chegará à estação alpina de helicóptero para participar desse fórum que reúne a elite econômica e política mundial e onde quer explicar seu slogan "America First".

Pouco antes de embarcar, Trump tuitou que pretende "contar ao mundo a que ponto os Estados Unidos são formidáveis e como vão bem (...) Nosso país está enfim GANHANDO de novo!".

À espera do discurso de sexta-feira (26), vários membros de seu governo já estão em Davos.

É o caso do secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, que disse hoje, em Davos, não estar preocupado com o valor do dólar a curto prazo, um dia depois de algumas declarações que provocaram a queda da moeda americana.

"Acredito que meu comentário sobre o dólar foi bastante claro (...) Não estamos preocupados com o nível do dólar a curto prazo. É um mercado com muita liquidez e acreditamos no câmbio livre", afirmou à imprensa em Davos.

Ontem, o secretário do Comércio, Wilbur Ross, já havia elevado o tom, afirmando que "há muito tempo que há guerras comerciais. A diferença hoje é que as tropas americanas vão na frente".

Na agenda de Trump em Davos está um encontro com a primeira-ministra britânica, Theresa May, e com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, entre outros.

May fala ainda hoje no Fórum e, segundo trechos antecipados de seu discurso, deverá pedir aos investidores que pressionem os gigantes tecnológicos para que lutem contra as notícias falsas ("fake news"), assim como contra o ódio e contra o assédio sexual nas redes.

Expectativa

Primeiro presidente americano a ir ao Fórum desde Bill Clinton, em 2000, Trump provoca reações contraditórias entre os cerca de 2.500 delegados e 70 chefes de Estado e de governo que estão em Davos.

De um lado, estão os grandes empresários que comemoram sua recente reforma tributária, a qual reduz a carga de impostos para empresas, e que celebram ainda a alta da Bolsa nos Estados Unidos e o crescimento econômico do país.

Do outro, seu discurso protecionista e suas declarações intempestivas sobre questões geopolíticas não agradam em Davos, onde muitos dos seminários estão dedicados a explicar os benefícios do livre-comércio e da globalização.

"Não é um público especialmente bem predisposto", comentou William Allein Reinsch, do Center for International and Security Studies.

Segundo ele, dizer que Trump "se mete na boca do lobo é uma boa metáfora".

"Não vamos ficar com a ideia de que há um enfrentamento entre Europa e Estados Unidos. Não é possível, não é desejável (...) mas está claro que há duas vias", afirmou o comissário europeu de Assuntos Econômicos da União Europeia, Pierre Moscovici, em conversa com a AFP.

A acolhida a Trump pode ser muito mais fria do que a cálida recepção que tiveram líderes como o presidente francês, Emmanuel Macron, ou o premiê canadense, Justin Trudeau. No discurso de ambos está o pedido por uma globalização mais justa, capaz de reduzir as crescentes desigualdades no mundo.

"Falei com ele [Trump] por telefone e lhe recomendei vivamente que viesse a Davos para explicar sua estratégia e mergulhar neste ambiente, confrontar-se com essas ideias, estar conosco nesse multilateralismo um tanto informal", declarou Macron em entrevista à emissora suíça de rádio e televisão RTS.

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