O vice-premiê de Portugal, Paulo Portas: "é a análise que nos permitirá recuperar nossa autonomia política e financeira" (Pedro Nunes/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2014 às 11h12.
Lisboa - A troica (UE-FMI-BCE) iniciou nesta terça-feira em Lisboa a última análise das medidas de austeridade de Portugal, que se preparava para seguir o exemplo irlandês e se converter no segundo país da Eurozona a colocar fim à tutela de seus credores.
Portugal escapará da humilhação de um segundo resgate.
"Não é qualquer controle, é o último. É a análise que nos permitirá recuperar nossa autonomia política e financeira", declarou na segunda-feira o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
No entanto, a esperada saída dos chamados "homens de preto" não colocará fim às draconianas medidas de austeridade em vigor há três anos.
"Um compromisso amplo sobre a disciplina orçamentária é crucial para garantir que a dívida continue sendo sustentável e para manter a confiança dos mercados", declarou na segunda-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O governo mantém o suspense sobre as modalidades da conclusão do plano de ajuda prevista para 17 de maio. Optará por uma linha de crédito preventiva à qual possa recorrer em caso de necessidade ou por um retorno aos mercados ao modo irlandês, sem rede de segurança?
A resposta é esperada até o dia 5 de maio, data da próxima reunião de ministros das Finanças da Eurozona na qual será oficializada a saída de Portugal de seu plano de ajuda de 78 bilhões de euros, cinco meses depois da Irlanda.
Os sindicatos não têm muitas ilusões: "com ou sem programa preventivo, a política de austeridade prosseguirá. São sempre os mesmos os que seguirão pagando a conta", lamentou Armênio Carlos, secretário-geral da CGTP, principal confederação sindical.
Portugal realiza na quarta-feira sua primeira emissão regular de dívida a 10 anos desde que pediu ajuda, em abril de 2011, no que constitui sem dúvida um teste crucial para a decisão do governo.
A agência de dívida portuguesa espera emitir entre 500 e 750 milhões de euros, sem recorrer como antes ao fundo bancário que limita os riscos.