Economia

Transportadores de carga pedem suspensão temporária de pedágio

Categoria irá apresentar demandas ao governo federal ainda nesta terça (24)

Transporte de carga: categoria pede o adiamento da cobrança de impostos que incidem no transporte (Pawel Kopczynski/Reuters)

Transporte de carga: categoria pede o adiamento da cobrança de impostos que incidem no transporte (Pawel Kopczynski/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 24 de março de 2020 às 17h53.

Última atualização em 24 de março de 2020 às 17h55.

Transportadores de cargas devem entregar ainda nesta terça-feira ao governo federal uma pauta de demandas da categoria em que pede, entre outras medidas, a suspensão temporária da cobrança de pedágio, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Cargas (ANUT), Luís Baldez.

O pedido será feito aos ministros da Economia, Paulo Guedes; da Casa Civil, Braga Netto; e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, antecipou ele à Reuters.

Na carta, a entidade quer que haja a suspensão de fiscalizações nas rodovias durante a vigência do decreto de calamidade pública em razão da pandemia de coronavírus -- medida que pode ajudar no escoamento das cargas no país, segundo a entidade. A ANUT também defende o adiamento da cobrança de impostos que incidem no transporte no período.

Baldez ainda vai cobrar que as autoridades atuem para que haja uma espécie de "porta de saída rápida" para o período de confinamento por que passam várias regiões brasileiras.

"Esses próximos 15 dias vão ser cruciais. Após esse período, temos de sentar e buscar uma saída para todo esse lockout para que aos poucos retomemos as atividades. Precisamos ter uma curva de saída para a economia se não haverá um desastre econômico", disse.

Para o representante da ANUT, posteriormente à eventual adoção dessas medidas de exceção haveria uma espécie de acerto de contas dos transportadores com as autoridades, no qual seriam acordados prazos para o pagamento do que ficou pendente.

Para Baldez, governos de São Paulo e do Rio de Janeiro -- que têm tomado medidas mais enérgicas que o governo federal no enfrentamento da pandemia -- estão assumindo postura correta. Mas ele destacou que as medidas não podem ser prolongadas por vários meses sob risco de colapso de empresas.

O representante ANUT afirmou que medidas como fechamento de fronteiras não podem ser tomadas unilateralmente pelas unidades da federação.

Responsável pela entidade que representa um terço da movimentação de cargas no país, o presidente da ANUT não vê risco por ora de desabastecimento da economia, mas defende retomada rápida da atividade econômica para não comprometer o país.

Baldez citou a situação dos transportadores autônomos como preocupante. Segundo ele, com a queda da atividade econômica, empresas de transporte usam apenas suas próprias frotas de caminhões e deixam de contratar autônomos. O efeito, porém, pode ser minimizado em parte pela provável supersafra de grãos do país, que deve exigir trabalho dos caminhoneiros autônomos.

"Primeiro a sofrer é o autônomo. A empresa transportadora tem como se defender. Ainda bem que estamos na safra do país, que vai ser recorde e os autônomos estão trabalhando normal. A partir de abril maio, começa a curva descendente da colheita. Imagina se (a quarentena) se prolonga até setembro o problema que vai ser", projetou.

Baldez admite que as restrições podem levar a um maior tempo para transporte dos produtos. Contudo, disse, os valores dos fretes são os mesmos porque há contratos firmados com as transportadoras. Ele destacou ainda que, com a demanda caindo, não há espaço para renegociação dos valores contratados.

O presidente da ANUT disse que, no período da quarentena, fábricas têm dado todo o apoio aos caminhoneiros, disponibilizando refeições, banheiros e itens de higiene pessoal. "Nas estradas, nas principais rotas de escoamento, os postos de gasolina e restaurantes estão dando também este apoio", disse.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus:

Acompanhe tudo sobre:CaminhõesCoronavírusPedágio

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo