Economia

Trajetória de alta nos juros é apropriada, diz presidente do Fed

Para Janet Yellen, as altas devem ser apropriadas ao longo dos anos, assim como não há um nível específico dos juros para o início da redução do balanço

Janet Yellen: o plano de redução do balanço foi concebido para evitar a criação de tensões no mercado (Yuri Gripas/Reuters)

Janet Yellen: o plano de redução do balanço foi concebido para evitar a criação de tensões no mercado (Yuri Gripas/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de junho de 2017 às 17h47.

São Paulo - A manutenção do gradualismo na elevação das taxas de juros foi defendida pela presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, em coletiva de imprensa que se seguiu à divulgação de política monetária do BC nesta quarta-feira.

Para ela, altas graduais adicionais devem ser apropriadas ao longo dos próximos anos, assim como não há um nível específico dos juros para o início da redução do balanço.

O plano de redução do balanço patrimonial da instituição foi um dos principais destaques da entrevista coletiva.

Em um adendo do comunicado, o Fed informou que planeja iniciar a redução gradual do processo de redução de participações em ativos em US$ 10 bilhões por mês.

Segundo Yellen, o plano de redução do balanço foi concebido para evitar a criação de tensões no mercado.

"Esperamos uma reação muito pequena por parte dos mercados ao nosso plano", disse.

Além disso, ela comentou que, caso haja alguma surpresa, "o Fed pode alterar a política de redução".

Para a dirigente, é necessário ter mais confiança de que as condições econômicas estão presentes para iniciar o processo de redução.

"Queremos que a recuperação seja sustentável e que a normalização não a coloque em risco", disse a presidente do BC americano.

Yellen também comentou que não foi discutido entre os dirigentes a possibilidade de uma redução do balanço e de uma elevação nos juros na mesma reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Em relação às perspectivas para a economia dos EUA, Yellen afirmou que o Fed continua a avaliar que um mercado de trabalho forte deve gerar inflação e que a economia continua resiliente, com o mercado de trabalho bastante robusto, mesmo com o frágil crescimento dos salários, e o sentimento das famílias empresas se mantendo no positivo.

Apesar disso, a dirigente ressaltou que é importante que não exista uma reação exagerada a leituras de inflação, que tendem a trazer ruídos, e que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mostra fraqueza em determinados setores e que continua sendo monitorado pelo BC.

"Não vimos nenhuma evidência de aceleração da inflação e nem efeitos das mudanças nas expectativas fiscais sobre as famílias e as empresas", disse a dirigente.

O projeto de orçamento do governo de Donald Trump foi alvo de uma das perguntas feitas para Yellen. Ela não quis comentar o assunto.

No entanto, quando questionada sobre a retirada de regulações do sistema financeiro americano, a dirigente comentou que, apesar dos dirigentes não terem tratado sobre a regra Volcker na reunião, ela era a favor de diminuir as regulações, desde que a segurança seja mantida, mas ressaltou que não acreditava que as regulações impediram o crédito ou o crescimento econômico.

Segundo Yellen, o dólar se valorizou "substancialmente" desde meados de 2015 e o programa de relaxamento quantitativo (quantitative easing, ou QE, na sigla em inglês) funcionou, apesar de divergências entre os economistas sobre o tamanho adequado do programa.

Em relação ao presidente Donald Trump, Yellen afirmou que não teve conversas com ele sobre planos futuros, mas disse que pretende cumprir integralmente o seu mandato no Federal Reserve.

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