Turbinas de energia eólica operam em um campo da Tractebel: companhia concluiu na véspera a aquisição da térmica a biomassa UTE Ferrari por 161 milhões de reais (Adriano Machado/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 12h46.
São paulo - A Tractebel Energia, uma das principais geradoras de energia privadas do país, vê um movimento de consolidação no segmento de geração de energia no Brasil e avalia oportunidades de aquisição nesse setor, disse o diretor financeiro da companhia, Eduardo Sattamini.
"Estamos olhando para oportunidades de aquisição...Essas oportunidades vão voltar a acontecer, é uma questão de tempo", disse Sattamini em reunião com analistas promovida pela Apimec SP nesta terça-feira.
O executivo explicou que algumas oportunidades que podem surgir são de autoprodutores de energia interessados em focar em seu negócio principal e deixar a atividade de geração de energia. Os autoprodutores são principalmente indústrias que também atuam no segmento de geração de energia por meio de participações acionárias em grandes hidrelétricas, por exemplo, ou até detendo a própria usina.
"São duas coisas que a gente vê que têm um comportamento mudando no mercado nos últimos 1 ano a 6 meses. Um são os autogeradores, deixando seus ativos e se concentrando no seu corebusiness. E outro, é que o mercado tem se mostrado mais volátil e mais difícil de operar e então alguns operadores talvez precisem de uma estrutura mais robusta ... e saiam até afetivamente do negócio", explicou o executivo a jornalistas, após apresentação.
"Tem muita gente que, de uma certa maneira, está tendo a possibilidade de sair, ou mudar de posição ou entregar a posição para um operador mais experiente. Porque a gente viu que o mercado brasileiro não é tão fácil de trabalhar, tem seus altos e baixos", acrescentou.
A Tractebel concluiu na véspera a aquisição da térmica a biomassa UTE Ferrari por 161 milhões de reais. Sattamini disse que outras oportunidades de aquisições desse porte e até maiores tem sido considerados pela companhia.
Preços de energia em alta
O cenário de preço de liquidação de diferenças (PLD) elevado tem influenciado na alta dos preços de energia negociados no mercado para até 2016, segundo Sattamini.
O PLD tende a valores maiores desde setembro do ano passado, quando passou agregar no seu modelo de cálculo um componente maior de risco na formação de preço de energia, num modelo mais cauteloso, porém mais realista.
Além desse fator, o forte despacho de térmicas acionadas para assegurar o fornecimento de energia ao país em momento de baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas elevam o PLD e, consequentemente, os preços de energia negociados no mercado livre.
Segundo Sattamini, os preços de energia praticados no mercado em 2015 estão em média a 160 reais por megawatt-hora. Para 2016, em cerca de 140 reais por MWh. O executivo disse que os preços tendem a voltar à normalidade no longo prazo, entre 120 a 125 reais por MWh, a partir de 2017. "Mas os preços ainda não se estabilizaram, estão subindo", ponderou Sattamini (Por Anna Flávia Rochas)